Política / Partidos
PT escolhe novo presidente em meio à queda de popularidade e desafios para 2026
Edinho Silva lidera disputa para suceder Gleisi Hoffmann; sigla busca reconexão com as bases e estratégia para reeleger Lula
06/07/2025
09:15
DA REDAÇÃO
Lula registra voto para eleger novo presidente do Partido dos Trabalhadores. — Foto: Reprodução/ PT
O Partido dos Trabalhadores (PT) realiza neste domingo (6) eleições internas para definir sua nova direção nacional, em um momento marcado por desafios estratégicos, desgaste de imagem e a expectativa da disputa presidencial de 2026. Após quase uma década sob comando da deputada Gleisi Hoffmann, a legenda terá um novo dirigente pelos próximos quatro anos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva votou pela manhã no Rio de Janeiro, onde participa da 17ª Cúpula do Brics.
Cerca de 3 milhões de filiados estão aptos a votar em urnas de papel espalhadas pelo Brasil e no exterior. A apuração será manual, com previsão de resultado parcial ainda neste domingo e oficial na manhã de segunda-feira (7).
A eleição conta com quatro candidatos, representando diferentes correntes do partido:
Edinho Silva (CNB) – ex-prefeito de Araraquara (SP), ex-ministro e aliado direto de Lula. É o favorito e representa a corrente Construindo um Novo Brasil, majoritária na legenda.
Rui Falcão (Novo Rumo) – deputado federal, ex-presidente do PT, defende uma guinada ideológica e mais capilaridade junto à militância.
Romênio Pereira (Movimento PT) – atual secretário de Relações Internacionais, propõe atualização digital e fortalecimento das bases sociais.
Valter Pomar (Articulação de Esquerda) – dirigente histórico da ala mais à esquerda, crítico da moderação do partido e defensor de enfrentamento direto à direita.
Edinho Silva é o nome da continuidade e do pragmatismo político. Seu discurso foca na aliança com forças democráticas, reorganização da base social e preparação da campanha de reeleição de Lula:
“O maior desafio do PT é a reeleição do presidente Lula. Precisamos construir alianças estado por estado e retomar o diálogo com a base da sociedade”, disse Edinho ao g1.
Por outro lado, os adversários defendem que o PT precisa ir além da defesa institucional e retomar o papel de partido de massas e transformação social. Pomar afirma que a sigla só vencerá se estiver “claramente do lado dos pobres contra os ricos”.
A nova direção enfrentará uma conjuntura complexa:
57% dos brasileiros acham que Lula não deveria tentar a reeleição (Datafolha)
A base social tradicional do partido se distanciou, segundo avaliação interna
O PT enfrenta dificuldades para dialogar com a nova classe média e com um mundo do trabalho em transformação
“O partido está numa situação difícil. A curto prazo, se mantém por inércia e memória. A médio prazo, precisa se reinventar para sobreviver”, afirma o historiador Lincoln Secco, da USP.
Especialistas veem a eleição interna como um marco. Para Tarso Genro, ex-governador do RS, o PT precisa superar o “enigma da sociedade atual” e entender as novas ansiedades do mundo pós-industrial. Segundo ele:
“A eleição vai mudar um pouco, mas o desafio é maior: propor uma ideia de sociedade além do socialismo tradicional e do capitalismo histórico.”
A eleição do novo presidente do PT definirá o rumo da legenda para as eleições de 2026, quando Lula pretende disputar a reeleição. A sigla se prepara para enfrentar uma possível coalizão de direita e extrema-direita, que já articula nomes como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Michelle Bolsonaro.
“O sucessor de Lula é o PT”, resumiu o ex-ministro José Dirceu, reforçando que a força da legenda estará no centro da disputa presidencial.
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