Campo Grande (MS), Segunda-feira, 16 de Junho de 2025

Saúde / Bem-Estar

Morte súbita em jovens atletas: o que está por trás e como prevenir?

Cardiologistas alertam para doenças silenciosas, uso de substâncias e falta de exames que podem levar a fatalidades evitáveis

16/06/2025

14:00

DA REDAÇÃO

©ILUSTRAÇÃO

A morte súbita em jovens atletas segue causando comoção e levantando questionamentos sobre os riscos ocultos na prática esportiva. Embora seja um evento considerado raro — com incidência de 1 a 2 casos a cada 100 mil pessoas por ano, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) —, a fatalidade costuma ocorrer de forma inesperada, muitas vezes sem qualquer sintoma prévio.

O fenômeno, mais frequente em homens jovens, impacta especialmente praticantes de esportes como futebol, basquete, corrida e musculação. Recentes casos no Brasil, como o do estudante João Gabriel Hofstatter De Lamare, de 20 anos, morto durante a Meia Maratona de Porto Alegre, e da universitária Dayane de Jesus, de 22 anos, que faleceu em uma academia no Rio de Janeiro, acenderam o alerta sobre a necessidade de maior atenção à saúde cardiovascular.

“É um paradoxo médico: pessoas aparentemente saudáveis sendo vítimas do evento mais catastrófico possível”, explica o cardiologista Leandro Costa, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O que causa a morte súbita?

A morte súbita, na maioria das vezes, está ligada a doenças cardíacas silenciosas, muitas vezes de origem genética e que não foram previamente diagnosticadas.

✔️ Principais causas em jovens atletas:

  • Miocardiopatia hipertrófica:
    Espessamento do músculo cardíaco, dificulta o bombeamento do sangue. É genética e silenciosa em 90% dos casos, afetando principalmente pessoas com menos de 40 anos.

  • Displasia arritmogênica do ventrículo direito:
    Alteração estrutural no ventrículo direito, levando a arritmias fatais. Também tem origem genética.

✔️ Causa predominante em atletas acima de 35 anos:

  • Doença arterial coronariana:
    Formação de placas de gordura nas artérias, que pode causar infarto fulminante e morte súbita.

Além disso, uso abusivo de anabolizantes, drogas, estimulantes e treinos em excesso aumenta consideravelmente o risco.

Fisiculturismo: risco elevado

Um estudo publicado no European Heart Journal revelou que fisiculturistas têm risco significativamente maior de morte súbita em comparação com atletas amadores. O levantamento analisou dados de mais de 20 mil atletas da categoria entre 2005 e 2020.

É possível prevenir a morte súbita?

Sim, especialistas garantem que a prevenção é possível e salva vidas.

A SOCERGS (Sociedade de Cardiologia do Estado do RS) recomenda três pilares fundamentais:

  • Educação: Conhecimento sobre os riscos e os próprios limites.

  • Avaliação médica periódica: Check-ups que incluem anamnese, exame físico, ECG (eletrocardiograma) e, se necessário, exames mais avançados.

  • Plano de emergência: Eventos esportivos devem ter desfibriladores automáticos (DEA) à disposição, capazes de reverter uma parada cardíaca se utilizados nos três primeiros minutos.

“O desfibrilador pode ser usado por qualquer pessoa treinada e é determinante para salvar uma vida em caso de parada cardíaca”, reforça o cardiologista Antonio Carlos Avanza, da SBC.

Medidas que ajudam a proteger seu coração:

  • 🍎 Alimentação balanceada e controle do colesterol

  • 🏃‍♂️ Atividade física regular (mínimo 150 minutos por semana)

  • 🚭 Evitar cigarro e álcool

  • ⚖️ Controle de peso e da pressão arterial

  • 🩺 Acompanhamento médico frequente, especialmente se houver histórico familiar de doenças cardíacas

“A avaliação clínica antes de participar de corridas, campeonatos ou qualquer atividade intensa é essencial. Identificar uma cardiopatia silenciosa pode ser a diferença entre a vida e a morte”, alerta Leandro Costa.

Dados importantes:

  • 📉 Incidência estável nas últimas décadas, segundo estudo do periódico Lancet

  • ⚠️ Maior percepção atual se deve à amplificação pela mídia e redes sociais

  • 🏥 A maioria das mortes poderia ser evitada com exames preventivos e atendimento emergencial adequado

     


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