Política / Justiça
Análise: Bolsonaro adota tom contido no STF, mas aliados já projetam cenário de condenação e prisão domiciliar
Depoimento marca virada de estratégia para evitar confronto com o Judiciário e tentar descredibilizar delação de Mauro Cid
11/06/2025
08:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10) marcou uma mudança de estratégia por parte da defesa. Longe do estilo combativo que marcou sua passagem pelo Palácio do Planalto, Bolsonaro adotou um tom contido e conciliador, com o objetivo de minimizar danos jurídicos e evitar atritos diretos com o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado.
Nos bastidores, aliados admitem que a situação é crítica. A avaliação entre interlocutores do ex-presidente é a de que “entrou condenado, saiu condenado”, e que a prioridade, agora, não é mais a absolvição — mas sim preparar terreno para um eventual pedido de prisão domiciliar.
Durante o interrogatório, Bolsonaro pediu desculpas a Moraes por declarações passadas, negou ter participado da trama golpista e alegou que “teve que entubar” a derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022. Disse que tratou com os militares apenas de alternativas “dentro da Constituição” e que não participou da redação da minuta golpista, contrariando a delação do tenente-coronel Mauro Cid.
“Não havia clima para golpe”, afirmou Bolsonaro, negando também envolvimento nos atos do dia 8 de janeiro.
A defesa orientou o ex-presidente a demonstrar cooperação com o STF, evitando qualquer gesto que pudesse ser interpretado como tentativa de obstrução ou afronta institucional.
Além da mudança de tom, uma segunda frente de ação se revelou ao longo dos depoimentos: descredibilizar a delação premiada de Mauro Cid, peça-chave da acusação.
Réus como o general Braga Netto usaram seus depoimentos para questionar trechos específicos da colaboração — como o suposto envio de dinheiro dentro de uma sacola de vinho. A tática busca minar a confiabilidade da delação e reduzir seu impacto no processo penal.
O movimento atual das defesas indica que os réus passaram a atuar em modo “contenção de danos”, mirando o que virá após os julgamentos: a dosimetria das penas. A estratégia inclui manter a serenidade nas audiências, fragilizar provas-chave da acusação e alinhar argumentos técnicos.
Ainda assim, o cenário político-jurídico é desfavorável a Bolsonaro. O acervo de provas já reunido, a força institucional do STF e o peso da delação de Cid criam uma combinação considerada insustentável por aliados, que já vislumbram o caminho da condenação como praticamente inevitável.
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