A vereadora Isa Jane Marcondes (Republicanos) foi denunciada por quebra de decoro parlamentar nesta segunda-feira (9), em Campo Grande. O pedido de cassação de mandato foi protocolado pelo médico Flávio Jardim Gomes, que alega ter sido alvo de exposição indevida, calúnia, difamação e incitação à violência por parte da parlamentar.

A denúncia foi formalizada e deve ser lida e votada ainda nesta tarde na sessão da Câmara Municipal.

Redes sociais como palco de conflitos

Segundo o médico, a vereadora tem utilizado suas redes sociais, onde soma mais de 121 mil seguidores no Instagram, para promover ações fiscalizatórias com cunho político e sensacionalista, o que teria gerado um ambiente hostil nas unidades de saúde.

“Ela extrapola os limites legais, fazendo um verdadeiro ‘pão e circo’, incitando ódio e contribuindo para o caos”, diz trecho da denúncia apresentada à Câmara.

Flávio relata que tem sido alvo de ameaças, agressões e prejuízos emocionais após uma gravação feita por Isa Jane no dia 20 de maio, em que o profissional atendeu uma criança na Unidade de Saúde do Altos do Indaiá. Após a consulta, o pai do paciente demonstrou insatisfação, o que motivou a vereadora a publicar um vídeo com críticas diretas ao médico, sem respaldo técnico.

Denúncia detalha episódio de perseguição

A gravação, segundo Flávio, distorceu os fatos, ignorando o contexto clínico da consulta, que recomendou acompanhamento domiciliar e não internação. Ele afirma que Isa Jane estimulou a população contra ele com declarações emocionais.

“Quando a pessoa perde a cabeça, vocês ainda vão achar que o cara é culpado”, teria dito a vereadora em tom provocativo, conforme consta na denúncia.

O médico ainda alega ter tentado dialogar com Isa Jane em outras ocasiões, mas teria sido recebido com desprezo. “Ela afirmou que chamaria a polícia contra mim, sem qualquer justificativa plausível”, relatou.

Novas exposições e reincidência

Outro episódio citado na denúncia ocorreu em nova visita da vereadora a uma unidade de saúde, quando ela novamente expôs publicamente o médico, classificando-o como “incompetente” e dizendo que ele deveria seguir o exemplo de outros colegas.

“Essa postura sem limites, desprovida de provas concretas, prejudica o ambiente de trabalho e compromete o atendimento à população”, argumenta o texto protocolado.

Possíveis sanções e repercussão

O caso agora segue para análise da Câmara, que poderá aplicar desde advertência até cassação do mandato, conforme prevê o regimento interno.

A repercussão gerou atenção nas redes e entre profissionais da saúde, que veem o episódio como um exemplo da tensão crescente entre o Legislativo e os servidores públicos, especialmente em áreas sensíveis como a saúde.

O desfecho do caso pode se tornar marco para redefinir os limites da atuação parlamentar nas redes sociais e o respeito aos direitos de profissionais da linha de frente.