Política / Nacional
José Sarney defende democracia, reforma política e apoio do MDB a Lula em 2026
Ex-presidente afirma que “golpe nunca mais” e critica excesso de judicialização da política
16/05/2025
17:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Aos 95 anos, o ex-presidente José Sarney (MDB) reforça sua defesa incondicional da democracia e da estabilidade institucional no Brasil. Em entrevista à revista Veja, Sarney — que liderou o país entre 1985 e 1990, período crucial de transição da ditadura para a redemocratização — afirmou que “jamais qualquer golpe de Estado ocorrerá neste país” e defendeu que o Brasil precisa urgentemente de uma ampla reforma política.
Sarney, que assumiu a Presidência após a morte de Tancredo Neves, destacou que sua gestão foi marcada por uma transição pacífica e política, sem confronto armado com os militares. Ele relembrou a resistência enfrentada na época, incluindo a recusa do então presidente João Figueiredo em lhe passar a faixa, e reforçou que as Forças Armadas hoje compreendem a importância do regime democrático.
“Os próprios militares chegaram à conclusão de que o melhor regime é o do povo para o povo, e não qualquer aventura autoritária.”
Embora reconheça que a democracia exige constante vigilância, Sarney declarou que os atos de 8 de janeiro de 2023 não caracterizam um golpe de Estado. Para ele, houve excesso de judicialização da política e de politização da Justiça, criticando também o sistema penitenciário brasileiro.
“Enquanto for assim, as penas devem ser punições que não afetem a lotação penitenciária.”
O ex-presidente foi enfático ao dizer que o Brasil precisa abandonar o modelo presidencialista atual e adotar um sistema parlamentarista misto, nos moldes da França. Ele também sugeriu o fim do voto proporcional e a adoção do voto distrital misto, além de criticar o excesso de partidos políticos sem identidade ideológica clara.
“A democracia precisa de legendas fortes para termos uma democracia forte.”
Sarney avaliou que as emendas parlamentares se tornaram uma ferramenta de reeleição pessoal, deturpando o objetivo original de aperfeiçoar o Orçamento.
“Elas foram transformadas em meio para beneficiar a reeleição, o que é terrível.”
O ex-presidente disse que o MDB deve apoiar Lula em um eventual quarto mandato em 2026. Segundo ele, o atual presidente representa compromisso com o regime democrático e mantém boa relação com o partido.
“Acho que o presidente Lula deve ter o nosso apoio. Com ele, não teremos tentativas que possam abalar a democracia.”
Sarney elogiou a política externa independente do governo Lula, destacando a importância de manter relações equilibradas com potências como Estados Unidos, Rússia e China, mas sem submissão.
“Não devemos cair em casca de banana. Devemos preservar nossa relação com os EUA, mas com independência.”
Sobre o ex-presidente americano Donald Trump, foi direto:
“Ninguém sabe o que ele pensa. Meu avô dizia: ‘Nunca corra atrás de um louco. Você não sabe para onde ele vai’.”
A exploração de petróleo na Foz do Amazonas, tema sensível na agenda ambiental, foi defendida por Sarney com cautela. Ele considera que o país não pode abdicar da exploração, desde que respeite protocolos ambientais rigorosos.
“Não explorar petróleo ali é uma forma de radicalismo. Há técnicas para evitar danos.”
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