Campo Grande (MS), Quinta-feira, 17 de Abril de 2025

Geopolítica / Relações Internacionais

“Armadilha de Tucídides”: guerra entre EUA e China é provável, mas pode ser evitada, alerta especialista de Harvard

Graham Allison defende que interdependência econômica e diálogo podem conter confronto entre as potências

08/04/2025

08:45

ZAP

DA REDAÇÃO

O especialista em relações internacionais Graham Allison, professor da Universidade de Harvard e conhecido por popularizar o conceito da “armadilha de Tucídides”, afirmou que uma guerra entre Estados Unidos e China é provável — mas não inevitável. O alerta foi feito durante o Fórum da China do Harvard College, realizado no último domingo (7), em meio ao aumento das tensões comerciais e estratégicas entre as duas maiores potências globais.

Segundo Allison, apesar da crescente rivalidade, a interdependência econômica, financeira e ambiental entre os dois países ainda pode funcionar como elemento de contenção.

“Guerra entre os EUA e a China: inevitável? Não. É provável? Sim”, declarou o professor, que também já atuou como secretário adjunto da Defesa dos EUA durante o governo Bill Clinton.

📚 O que é a “armadilha de Tucídides”?

O conceito refere-se ao risco de guerra que surge quando uma potência emergente desafia uma potência estabelecida, como ocorreu entre Atenas e Esparta na Guerra do Peloponeso, narrada pelo historiador grego Tucídides. Allison argumenta que esse padrão já foi observado diversas vezes ao longo da história, com desfechos muitas vezes violentos.

🌐 Tensão crescente entre China e EUA

O discurso de Graham Allison foi proferido poucos dias após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma nova rodada de tarifas sobre produtos chineses, elevando o total de taxação a 54%. Em resposta, a China adotou medidas imediatas de retaliação, intensificando a disputa comercial.

Apesar disso, o professor sustenta que a interdependência global e o temor de destruição mútua ainda exercem forte influência sobre as decisões das lideranças. Ele faz referência à doutrina da Guerra Fria, conhecida como Destruição Mútua Assegurada, segundo a qual países com armamento nuclear evitam o confronto direto por medo da aniquilação recíproca.

“Se cederem ao instinto de atacar o outro, devem lembrar-se de que estarão cometendo suicídio. A sobrevivência continua sendo um instinto poderoso”, afirmou.

🧭 Diplomacia e equilíbrio como alternativas

Allison lembra que a cooperação estratégica entre China e Estados Unidos em áreas como mudanças climáticas, segurança cibernética e estabilidade financeira global pode ser uma saída para neutralizar as pressões estruturais da rivalidade.

“A armadilha de Tucídides não é inevitável”, afirmou o presidente Xi Jinping, em reunião com Allison em março do ano passado, reafirmando o compromisso chinês com a coexistência pacífica.

O professor finaliza destacando que a direção que os países escolherem — competição ou colaboração — determinará o futuro da paz global:

“Se optarem por competir, veremos a rivalidade mais feroz da história. Mas se lideranças maduras prevalecerem, a história poderá seguir outro rumo.”


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