POLÍTICA
Embates marcam audiência pública sobre projeto que proíbe pesca de 29 espécies em MS
Pescadores profissionais e esportivos divergem sobre proposta de Neno Razuk, que mantém tramitação na Assembleia
21/02/2025
20:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A audiência pública realizada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) nesta sexta-feira (21) foi marcada por intensos debates sobre o projeto de lei do deputado estadual Neno Razuk (PL), que propõe a proibição da pesca de 29 espécies de peixes nos rios do estado por um período de cinco anos. O evento reuniu pescadores profissionais, amadores e esportivos, além de parlamentares, ambientalistas e representantes do governo estadual.
Durante 4h40 de discussões acaloradas, representantes das 14 colônias de pesca do estado, que representam mais de 8 mil pescadores, contestaram a proposta e afirmaram que não foram consultados pelo autor do projeto. Enquanto isso, pescadores esportivos defenderam a iniciativa, alegando que a medida pode garantir a preservação dos rios e dos estoques pesqueiros.
🔹 Elis Regina Severino, presidente da Colônia Z 14, criticou a organização da audiência e afirmou que os pescadores foram impedidos de se manifestar:
"É uma audiência pública covarde. Viemos para ser ouvidos, não para ouvir. Somos 8 mil pescadores e fomos deixados de fora, enquanto apenas 500 pescadores esportivos tiveram espaço."
🔹 Segundo ela, a falta de escuta dos pescadores profissionais pode gerar um impacto devastador na categoria:
"Se esse projeto for aprovado, será uma tragédia. Muitos pescadores são semianalfabetos e dependem da pesca para sobreviver. Se for para fechar, tem que ser para todos."
🔹 O diretor da ONG Ecoa, André Luiz Siqueira, também criticou a proposta e afirmou que a legislação deveria ser construída com base científica e em consenso com todas as partes envolvidas:
"Esse projeto não tem embasamento técnico e foi apresentado sem diálogo. Precisamos discutir alternativas no Conselho Estadual de Pesca, e não aprovar medidas que excluem uma classe trabalhadora tão importante."
🔹 Para ele, os pescadores deveriam ser reconhecidos como patrimônio histórico do estado, assim como ocorre em outras regiões do Brasil.
Por outro lado, representantes da pesca esportiva ressaltaram que a preservação dos estoques pesqueiros é essencial para garantir a sustentabilidade dos rios do estado.
🔹 Maurício Ortiz, conhecido como Pescador do Cerrado, afirmou que ainda há muito a ser discutido antes da votação da proposta, mas que o diálogo entre as categorias está evoluindo:
"Todos nós amamos o rio e o peixe. Estamos começando a nos entender para chegar a um consenso que proteja o meio ambiente sem prejudicar ninguém."
🔹 Já o pescador esportivo Maxwell Antunes disse que a audiência ajudou a reduzir a desinformação sobre o projeto e ressaltou a importância de uma solução equilibrada:
"O encontro foi positivo para esclarecer dúvidas e ajustar algumas opiniões. Todos queremos um meio ambiente equilibrado e, ao mesmo tempo, garantir o sustento das famílias que vivem da pesca."
🔹 O secretário-adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Artur Falcette, declarou que o governo não pretende impor restrições sem diálogo e que está disposto a mediar a busca por uma solução conjunta:
"A questão não é só ambiental, mas também social e cultural. A solução precisa envolver todas as partes interessadas."
🔹 Ele citou a experiência da Lei do Pantanal, aprovada recentemente, como exemplo de um debate bem conduzido, que garantiu concessões para produtores rurais e ambientalistas.
🔹 A deputada estadual Gleice Jane (PT) defendeu que o debate precisa ser mais amplo, envolvendo questões ambientais como a degradação dos rios:
"Não podemos falar só sobre o peixe. Precisamos discutir a qualidade da água, o assoreamento dos rios e os impactos das atividades humanas no ecossistema."
🔹 O deputado estadual Zeca do PT criticou a falta de alternativas para os pescadores profissionais e pediu mais sensibilidade na condução do projeto:
"Vocês, pescadores esportivos, não podem ser egoístas. Precisamos encontrar uma solução que contemple os pescadores profissionais também."
🔹 Ao final da audiência, o deputado Neno Razuk anunciou que o projeto continuará tramitando na Assembleia Legislativa, mas afirmou que está aberto ao diálogo:
"Não queremos prejudicar ninguém. Vamos buscar alternativas para que todos sejam contemplados. O peixe vivo no rio vale mais, e o governo tem a obrigação de qualificar os pescadores e fazer essa transição."
🔹 Ele enfatizou que a proposta não tem relação com a política de cota zero, mas sim com a preservação das espécies ameaçadas.
📌 A tramitação do projeto de lei continuará na Alems, e novas audiências e discussões deverão ocorrer.
📌 A Semadesc seguirá mediando o debate, buscando um equilíbrio entre conservação ambiental e impactos socioeconômicos.
📌 Pescadores profissionais pedem mais participação e reconhecimento da categoria como patrimônio histórico do estado.
📌 A Assembleia deve analisar estudos científicos antes de aprovar qualquer restrição à pesca.
O debate sobre a sustentabilidade da pesca em Mato Grosso do Sul continua, e a expectativa é que um consenso seja alcançado entre os pescadores profissionais, esportivos e autoridades ambientais.
Vejas as fotografias do evento, clicando aqui!.
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