Nesta quarta-feira (28), Francisco Cezário de Oliveira, ex-dirigente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS), foi preso mais uma vez, acusado de envolvimento em um esquema de desvio de R$ 10 milhões. Segundo investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), Cezário teria se reunido secretamente com Júlio Brant, ex-conselheiro do Vasco da Gama, apontado como peça-chave para dar novos rumos ao futebol sul-mato-grossense.

Apesar de a FFMS negar oficialmente que Brant possua qualquer cargo ou vínculo com a entidade, as investigações indicam que ele estava envolvido nos bastidores, ajudando a moldar um novo estatuto para a federação. Em julho, Brant foi anunciado pelo governo de Mato Grosso do Sul como apoio na elaboração deste novo estatuto.

O Gaeco afirma que, apesar de sua remoção formal da presidência, Cezário continuava a exercer influência significativa na FFMS, organizando reuniões com Brant e outros dirigentes antes e depois da Assembleia Geral que definiu o novo estatuto da federação. Além disso, Cezário teria violado a restrição judicial que o impedia de participar ativamente da administração da entidade, chegando a estar presente na CBF enquanto usava tornozeleira eletrônica.

Em resposta às acusações, o atual presidente da FFMS, Estevão Petrallás, declarou que não tinha conhecimento sobre a suposta influência de Cezário e que as pessoas apontadas pelo Gaeco deveriam responder às questões levantadas. A FFMS, por sua vez, emitiu uma nota afirmando que Júlio Brant "não é executivo da FFMS, não trabalha na FFMS, não possui qualquer vínculo com a FFMS e nunca exerceu função na FFMS".

Gaeco Realiza Novas Operações Contra Cezário

Na manhã desta quarta-feira, agentes do Gaeco cumpriram novos mandados de busca e apreensão na casa de Cezário, localizada no bairro Taveirópolis, onde também efetuaram sua prisão. Cezário, que já havia sido preso em maio durante a Operação Cartão Vermelho, foi denunciado junto com outras 11 pessoas pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) pelos crimes de organização criminosa, peculato, furto qualificado, falsidade ideológica e lavagem de capitais.

A irmã e advogada de Cezário, Francisca Rosa de Oliveira, expressou surpresa com a nova prisão, afirmando que a família estava evitando qualquer motivo para descumprimento de ordens judiciais.

Os agentes do Gaeco deixaram o local com malotes de documentos apreendidos, e as investigações continuam.

Desvios de R$ 10 Milhões

Inicialmente, o montante desviado pela organização de Cezário foi estimado em R$ 6 milhões, mas as investigações subsequentes apontaram que o valor pode ultrapassar os R$ 10 milhões. O MPMS pediu a reparação de danos no valor de R$ 20 milhões, sendo R$ 10 milhões destinados a reparar os prejuízos causados à FFMS e o restante a título de danos morais coletivos.