Ministro mandou Sérgio Moro devolver ao STF apuração sobre ex-presidente. Apesar da decisão, presidente afirmou que não há razão para 'comemorar'.
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presidente Dilma Rousseff - Arquivo |
A presidente Dilma Rousseff avaliou nesta quarta-feira (23) que foi “importante” a decisão do ministro Teori Zavascki, tomada nesta terça (22), que mandou o juiz federal Sérgio Moro enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) as investigações envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato.
“A decisão do ministro Teori é importante porque estabelece o primado na lei nas relações dos órgãos que investigam com o presidente Lula. Acho que foi um absurdo [a divulgação de áudios] no sentido de que feriu a base do estado democrático de direito e as garantias e direitos constitucionais da Presidência da República vazar diálogo [de Lula] com a presidenta”, declarou Dilma após visitar uma instalação militar em Brasília.
Indagada sobre se o governo “comemorou” a decisão de Teori, Dilma acrescentou: “Não acho que a palavra seja comemorar. Acho que todos os brasileiros devem estar muito preocupados quando os processos investigativos e judiciais não são feitos dentro da lei. Por quê isso? Porque a base do estado democrático é o cumprimento por todos da legislação”.
Ao relembrar a decisão de Sérgio Moro de divulgar os áudios de ligações entre ela e Lula, Dilma afirmou que “vazar diálogos pessoais que não fazem parte da investigação é uma violência e um padrão que não se deve aceitar ou compactuar”, pois atinge “a todos”.
“Nenhuma democracia moderna – não estou discutindo países de exceção – compactua com esse tipo de prática. Acho que a sociedade brasileira conquistou a duras penas o processo que nos levou à construção do que temos hoje: um país com liberdade de expressão, de manifestação e instituições sólidas. Respeitá-las e preservá-las é o nosso objetivo”, completou.
PMDB
Dilma também afirmou nesta quarta que o governo está “bastante interessado” em manter o PMDB. O partido marcou para o dia 29 reunião do Diretório Nacional na qual decidirá se rompe ou não com o Palácio do Planalto.
Mesmo barrado pela Justiça de assumir a Casa Civil, Lula já opera em Brasília, informalmente, para tentar conter a debandada de aliados da base governistas. Nesta terça (22), o petista se reuniu com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) para tentar convencer os dois caciques peemedebistas a permanecerem nas fileiras governistas.
“Nós todos estamos bastante interessados na questão relativa à permanência do PMDB no governo. Tenho muita certeza que nossos ministros estão comprometidos com sua permanência no governo”, disse a presidente, questionada sobre se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está a ajudando a convencer o PMDB a não desembarcar do governo.
Na última segunda (21), o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB, se reuniu com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em São Paulo. Questionada sobre se Temer “está sentando na cadeira” dela, Dilma tentou minimizar a aproximação de seu vice com a oposição.
“Tem certo tipo de suposição, de avaliações que são não só precipitadas, como não são corretas. Nós queremos muito que o PMDB permaneça no governo. Tenho certeza que meus ministros têm compromisso com governo. Então, a gente vai ver quais serão as decisões do PMDB e respeitaremos as referidas decisões”.
Desemprego
Na entrevista, a presidente da República comentou os dados de desemprego divulgados nesta terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostraram que o nível de desemprego ficou em 8,2% em fevereiro deste ano. Foi a maior taxa para o mês desde 2009.
Embora esteja focada em sua defesa no processo de impeachment e em evitar uma debandada geral dos partidos da base aliada, Dilma ressaltou aos repórteres que o governo trabalha “forte” para que o desemprego seja freado e revertido.
“Nós temos duas grande preocupações em termos de economia: nós temos uma que é reduzir o desemprego e fazer o brasil voltar a crescer e fazer isso controlando a inflação. A boa notícia é que a inflação já mostra todos os sinais de declínio”, enfatizou.
Do G1, em Brasília
Por: Filipe Matoso