Política / Relações Internacionais
Lula sobre reunião com Trump: “Logo, logo não haverá problema entre EUA e Brasil”
Presidente destaca respeito mútuo e diz que negociadores já trabalham para reverter tarifas e firmar novo acordo comercial
27/10/2025
09:30
DA REDAÇÃO
Lula sobre a perspectiva brasileira no comércio exterior:
Um dia após se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (27) estar otimista quanto à solução das tarifas impostas às exportações brasileiras. Lula disse acreditar que as negociações avançarão rapidamente, com base no respeito e na disposição política de ambos os países.
“Logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil. O que interessa numa mesa de negociação é o futuro. A gente não quer confusão, quer negociação. A gente não quer demora, quer resultado”, afirmou o presidente a jornalistas.
Lula destacou que as diferenças ideológicas não interferem na relação bilateral.
“Fiz questão de dizer ao presidente Trump que o fato de termos posições políticas diferentes não impede que dois chefes de Estado tratem a relação com respeito. Eu o respeito porque ele foi eleito pelo povo americano, e ele me respeita porque fui eleito pelo povo brasileiro. Com isso colocado na mesa, tudo fica mais fácil”, disse Lula.
O presidente reiterou que não existem temas proibidos na negociação.
“Se ele quiser discutir minerais críticos, terras raras, etanol, açúcar, não tem problema. Eu sou uma metamorfose ambulante na mesa de negociação. Coloque o que quiser que eu estou disposto a discutir todo e qualquer assunto.”
Como desdobramento do encontro, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o secretário-executivo do MDIC, Márcio Rosa, e o embaixador Audo Faleiro se reuniram nesta segunda-feira com representantes do Tesouro americano e do Escritório de Comércio dos EUA.
Segundo Márcio Rosa, as duas equipes vão trabalhar em um cronograma de reuniões técnicas para construir um acordo satisfatório para ambas as partes, com foco nos setores mais afetados pelas tarifas.
“Hoje estamos num cenário muito mais positivo do que estávamos há alguns dias”, afirmou.
Lula também entregou a Trump um documento com dados oficiais do comércio bilateral, rebatendo o argumento de que os EUA teriam déficit comercial com o Brasil.
“Mostramos que houve superávit de US$ 410 bilhões para os Estados Unidos nos últimos 15 anos. Só no ano passado foram quase US$ 22 bilhões. Em todo o G20, apenas Brasil, Reino Unido e Austrália geram superávit para os EUA”, destacou o presidente.
O chefe do Executivo reafirmou a política externa independente do Brasil, ressaltando que o acordo com Washington não altera as relações com outros parceiros estratégicos, como China e União Europeia.
“Quero continuar tendo uma belíssima relação com a China, com os Estados Unidos e com a União Europeia. Depois de 22 anos, vamos concluir o acordo Mercosul-União Europeia. Também estamos negociando com a Indonésia, Malásia e ASEAN. Nosso negócio é fazer negócio”, disse Lula.
Durante o encontro, Lula também mencionou a Lei Magnitsky, utilizada pelos EUA para sancionar autoridades estrangeiras, e criticou sua aplicação contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Expliquei que a aplicação é injusta, porque no Brasil foi respeitado o devido processo legal e não houve perseguição”, declarou.
Lula revelou ainda que há interesse mútuo em uma nova reunião bilateral.
“Ele me disse que quer ir ao Brasil, e eu disse que estou à disposição para ir a Washington. Se depender dele e de mim, teremos um acordo. Temos toda a intenção de fortalecer a relação entre as duas maiores democracias do Ocidente.”
Após o encontro, a Casa Branca divulgou uma foto oficial dos presidentes nas redes sociais, com a mensagem:
“O presidente Trump se encontra com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula da ASEAN. É uma grande honra estar com o presidente brasileiro. Acho que devemos conseguir fechar bons acordos para ambos os países.”
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