A presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no condomínio de alto padrão Solar de Brasília, localizado em área nobre do Distrito Federal, tem causado crescente insatisfação entre os moradores. Desde que passou a cumprir prisão domiciliar, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a rotina do local foi profundamente impactada.

Segundo relatos divulgados pela LeoDias TV, os condôminos se queixam do aumento de movimentação de imprensa, apoiadores, policiais e manifestantes, além de trânsito intenso e barulho constante. Em grupos de mensagens internos, moradores discutem a possibilidade de convocar uma assembleia extraordinária para deliberar pela expulsão de Bolsonaro do residencial.

Medidas radicais e protestos inusitados

A irritação dos vizinhos também foi registrada pelo site O Tempo, que revelou o temor de que apoiadores bolsonaristas acampem nas imediações do condomínio, cenário já observado em outras ocasiões em Brasília.

Além disso, episódios considerados provocativos têm acontecido no entorno. Em um deles, um trompetista executou a marcha fúnebre em frente aos portões do Solar de Brasília, em clara manifestação de repúdio à permanência do ex-presidente no local.

Bolsonaro ocupa imóvel alugado pelo PL

A casa onde Bolsonaro reside é alugada e mantida com recursos do Partido Liberal, legenda da qual ele é presidente de honra. A estrutura, segundo interlocutores do PL, foi montada para assegurar privacidade e segurança ao ex-presidente. No entanto, os constantes episódios envolvendo a Justiça e a imprensa têm gerado o efeito contrário.

O jornalista Maycon Leão, do programa Jornal dos Famosos, revelou que mensagens obtidas nos grupos de moradores evidenciam o desejo de muitos em “banir o militar da região”.

Prisão domiciliar e nova violação de medidas

A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro foi determinada em 4 de agosto pelo ministro Alexandre de Moraes, após constatação de descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente. O ex-presidente, mesmo proibido de se comunicar por redes sociais, utilizou os perfis de seus filhos parlamentares para se manifestar politicamente.

Um dos principais episódios que motivaram a nova ordem judicial ocorreu no último domingo, durante manifestação no Rio de Janeiro. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, colocou o pai no viva-voz durante ato em Copacabana, e posteriormente publicou o vídeo da fala nas redes sociais:

“Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos”, disse Bolsonaro, que teve o vídeo removido horas depois.

Moraes classificou o ato como um flagrante desrespeito à decisão judicial:

“O flagrante desrespeito às medidas cautelares foi tão óbvio que, repita-se, o próprio filho do réu, o senador Flávio Nantes Bolsonaro, decidiu remover a postagem realizada em seu perfil na rede social Instagram, com a finalidade de omitir a transgressão legal”, escreveu o ministro.