Política / Justiça
Prisão domiciliar de Bolsonaro agita a direita e acelera disputa por herança eleitoral de 2026
Governadores Tarcísio, Zema, Ratinho e Caiado são pressionados a radicalizar discursos para não perder espaço entre bolsonaristas
05/08/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL), decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes nesta segunda-feira (4), abriu um novo capítulo no xadrez político da direita brasileira e deu início, na prática, a uma nova fase da pré-campanha de 2026. Sem poder falar publicamente, receber visitas políticas ou usar redes sociais, o ex-presidente se vê temporariamente fora do jogo — o que obriga seus aliados a acelerarem o movimento de sucessão e reposicionamento de discurso.
No Partido Liberal (PL), a avaliação interna é de que a ausência de Bolsonaro antecipa a disputa pelo espólio político do ex-mandatário. Quatro governadores estão no centro das atenções: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG). Todos serão pressionados a endurecer o tom contra o STF e reafirmar laços com o bolsonarismo para manterem viabilidade eleitoral.
“Quem não se posicionar com veemência será escanteado”, resume um interlocutor da direita.
A decisão de Alexandre de Moraes foi baseada no descumprimento de medidas cautelares. Bolsonaro havia sido proibido de usar redes sociais — diretamente ou por terceiros —, mas participou, via ligação telefônica, de um ato bolsonarista no Rio de Janeiro no domingo (3). O vídeo com sua fala foi repostado por seus filhos, Flávio e Carlos Bolsonaro.
Com isso, Moraes determinou prisão domiciliar com proibição de visitas (exceto advogados), restrição de comunicações telefônicas e ameaça de conversão da medida em prisão preventiva em caso de nova violação.
A antecipação da saída de Bolsonaro do cenário político leva à seguinte pergunta: quem vai herdar os votos do bolsonarismo? Os nomes mais próximos ao ex-presidente, como Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Michelle Bolsonaro, ganham protagonismo imediato. Mas a corrida se estende aos governadores que miram o Planalto.
Internamente, o PL monitora o tom adotado por cada um diante da prisão de Bolsonaro. Tarcísio, por exemplo, evitou citar Alexandre de Moraes, o que irritou parte da base bolsonarista mais fiel, que esperava uma reação mais agressiva. Ratinho seguiu linha semelhante — e, por ter se aproximado de Bolsonaro recentemente, não decepcionou.
Já Romeu Zema foi o único a mencionar o nome do ministro:
“Mais um capítulo sombrio na história de perseguição política do STF. Alexandre de Moraes agora colocou Bolsonaro em prisão domiciliar por ter sua voz ouvida nas redes. É a democracia do silêncio. Toda minha solidariedade ao presidente e sua família”, escreveu.
Ronaldo Caiado também se posicionou, mas criticou o processo sem atacar diretamente o STF.
Aliados próximos de Bolsonaro afirmam que os movimentos até o 7 de Setembro — data de tradicional mobilização bolsonarista — serão decisivos para definir quem conseguirá se consolidar como legítimo sucessor. A ausência de Bolsonaro no debate público esvazia a mediação de conflitos internos e torna mais incerta a unidade do PL para 2026.
Além disso, há o temor de que a prisão domiciliar enfraqueça a articulação política em um momento-chave: enquanto o PT trabalha pela reeleição de Lula, a direita se vê dividida, órfã de liderança central e com possíveis radicalizações de discurso à vista.
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