Em meio à escalada da crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou nesta sexta-feira (18), em entrevista à CNN Brasil, que a eleição presidencial de 2026 pode nem ocorrer caso o país não resolva, nas próximas semanas, a “crise institucional” provocada pelas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Se o Brasil não resolver nos próximos meses ou semanas essa crise institucional, não haverá eleição em 2026. Então por que me preocuparia com popularidade? É 100% vitória ou 100% derrota”, disse o parlamentar no programa CNN Arena.

A declaração ocorre após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto. Segundo Trump, a medida é uma resposta à perseguição política contra Jair Bolsonaro por parte do STF.

Defesa da pressão internacional

Eduardo defendeu as sanções impostas pelo governo Trump e disse que o Brasil será “mergulhado no caos” se não atender às exigências dos EUA:

“Trump não recua. Se o Brasil não reconhecer as queixas dele, vai receber o mesmo tratamento que a Venezuela.”

O deputado também ironizou o ministro Alexandre de Moraes, que determinou nesta sexta medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com diplomatas e com o próprio Eduardo.

“Aprendi com Moraes que não se recua diante de chantagem. Mas agora ele está enfrentando alguém maior: os Estados Unidos. Trump já bateu de frente com o Canadá — e venceu”, provocou.

Moraes vê tentativa de interferência judicial

Em despacho, Alexandre de Moraes afirmou que o tarifaço de Trump integra uma estratégia coordenada para desestabilizar o país e interferir no funcionamento do Poder Judiciário:

“A implementação do aumento de tarifas tem como finalidade a criação de uma grave crise econômica no Brasil, para gerar pressão política e social sobre o Poder Judiciário e impactar as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, além de interferir no andamento da Ação Penal 2.668/DF.”

Essa ação penal investiga Jair Bolsonaro e sete aliados por tentativa de golpe de Estado em 2022. A Corte considera que há esforços para transformar pressões externas — como a ofensiva diplomática e comercial dos EUA — em instrumentos de chantagem institucional contra a Justiça brasileira.

Atuação nos bastidores dos EUA

Nos Estados Unidos desde o início de 2025, Eduardo Bolsonaro tem atuado diretamente junto ao governo Trump para evitar a prisão do pai e viabilizar sua candidatura à presidência em 2026.

Ele afirmou que as tarifas impostas ao Brasil são resultado direto de sua articulação com o alto escalão da Casa Branca:

“Essa é uma vitória. Estamos trabalhando com pessoas que entendem o momento que o Brasil vive. Não se trata apenas de política, mas de sobrevivência da democracia.”