Campo Grande (MS), Sexta-feira, 27 de Junho de 2025

Política / Bastidores

Alcolumbre articulou votação do IOF para pressionar Lula a demitir ministro Alexandre Silveira

Movimento envolveu acordo com Hugo Motta e troca de favores políticos entre Senado e Câmara em meio a crise no setor energético

27/06/2025

08:15

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

A votação relâmpago da Câmara dos Deputados que derrubou a taxação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nesta quarta-feira (25) teve como pano de fundo uma jogada articulada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em mais um capítulo da crise com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

Segundo bastidores revelados por interlocutores, Alcolumbre teria solicitado diretamente a Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, que antecipasse a votação do Projeto de Decreto Legislativo que derruba o IOF — contrariando o acordo firmado com o Palácio do Planalto.

Pressão por demissão de Silveira

A manobra teve como objetivo aumentar a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele demita Silveira, cuja permanência no cargo tem sido fonte constante de tensão entre o Senado e o Executivo. O rompimento entre Alcolumbre e o ministro remonta a 2023, após episódios em que o grupo do senador se sentiu traído por decisões ministeriais.

"Vou pautar o IOF, você vota o aumento de deputados", teria sido o entendimento informal entre Alcolumbre e Motta, conforme apurado nos bastidores.

Troca política com desgaste público

Como parte do acordo, o Senado aprovou — no limite do prazo e por apertada maioria de 41 votos — a proposta que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais. A medida atende ao interesse direto da Câmara e evitou que a proposta caducasse.

A derrubada do IOF, por sua vez, foi uma derrota inesperada para o governo em plena semana de “recesso branco” devido às festas juninas. A equipe de Lula esperava que a matéria fosse discutida apenas após a apresentação de uma proposta estruturada de corte de gastos tributários por parte da equipe econômica.

Crise na energia e desgaste com a opinião pública

O estopim mais recente da crise entre Alcolumbre e Silveira foi a votação dos vetos presidenciais no setor de energia, que resultaram em um aumento de 3,5% nas contas de luz para os consumidores. Alcolumbre responsabiliza Silveira por influenciar Rui Costa (Casa Civil) a desmobilizar o governo contra a derrubada dos vetos, o que resultou em desgaste político e rejeição popular.

A percepção negativa recaiu principalmente sobre o Congresso, o que elevou o atrito interno e expôs fissuras na base governista.

Quadro político tenso e indefinição no governo

Silveira já estaria na "corda bamba", segundo fontes próximas, e a expectativa era de que Lula resolvesse o impasse após sua viagem à França. O bloqueio de pautas no Senado, incluindo indicações para agências reguladoras e votações estratégicas, depende diretamente de um desfecho para a permanência ou saída do ministro.

Além da disputa envolvendo Alcolumbre, o Congresso também enfrenta insatisfação com o baixo pagamento de emendas parlamentares e com o aperto no controle de repasses imposto pelo ministro do STF, Flávio Dino. A crise se agrava ainda mais com declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticando o Congresso por atuar em defesa de lobbies empresariais — alimentando a tensão entre os Poderes.


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