Política / Justiça
Mauro Cid e Braga Netto ficam frente a frente no STF em acareação sobre tentativa de golpe
Sessão conduzida por Alexandre de Moraes busca esclarecer contradições nos depoimentos sobre plano golpista que envolve Bolsonaro
24/06/2025
07:45
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza, nesta terça-feira (24), uma acareação decisiva entre os réus do processo que apura a tentativa de golpe de Estado, que visava manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022.
A sessão coloca frente a frente o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do esquema, e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, da Casa Civil e candidato a vice na chapa de Bolsonaro.
O procedimento foi solicitado pela defesa de Braga Netto, que acusa Mauro Cid de mentir em seus depoimentos. Na delação, Cid afirmou que o general teria lhe entregue R$ 100 mil em uma sacola de vinho, valor que, segundo ele, seria utilizado para financiar a logística do plano golpista.
Além disso, Cid relatou que um plano para monitorar e até assassinar autoridades foi discutido na residência de Braga Netto — uma acusação que o general nega categoricamente.
Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, acusado de obstrução das investigações e de tentar obter informações sigilosas sobre os depoimentos de Cid.
A acareação visa esclarecer contradições, permitindo que ambos os envolvidos sejam confrontados diretamente sobre os fatos narrados. A sessão é conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, e ocorre a portas fechadas, com participação apenas dos réus, seus advogados e membros da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Além de Cid e Braga Netto, também participam:
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, que é réu na ação.
Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que participa como testemunha.
A acareação entre Torres e Gomes foi solicitada pela defesa de Torres, que contesta pontos do depoimento do ex-comandante do Exército.
A acareação faz parte da fase final de instrução processual, quando ainda são permitidas diligências como depoimentos, perícias e confrontações. Encerrada essa etapa, o processo segue para julgamento na Primeira Turma do STF, composta por:
Alexandre de Moraes (relator)
Cristiano Zanin
Luiz Fux
Flávio Dino
Cármen Lúcia
A decisão da Turma irá determinar se os réus serão condenados ou absolvidos.
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
Walter Braga Netto, general e ex-ministro
Augusto Heleno, general e ex-ministro do GSI
Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa
Almir Garnier, almirante e ex-comandante da Marinha
Anderson Torres, delegado da PF e ex-ministro da Justiça
Alexandre Ramagem, delegado da PF, deputado federal e ex-diretor da Abin
O julgamento dessa ação penal é considerado um dos mais relevantes da história recente do Brasil, por atingir diretamente o chamado "núcleo crucial" do suposto plano de golpe de Estado.
A decisão do STF terá impacto direto no futuro político dos envolvidos, incluindo Jair Bolsonaro, e poderá definir se os militares e ex-integrantes do governo federal serão responsabilizados criminalmente pela tentativa de ruptura democrática.
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