Política / Justiça
Celso de Mello: ‘Golpismo é defendido sem pudor pela família Bolsonaro’
Ex-ministro do STF critica fala de Flávio Bolsonaro sobre uso da força para garantir indulto a Jair Bolsonaro
18/06/2025
11:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, fez duras críticas à declaração do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que admitiu a possibilidade de uso da força para garantir um eventual indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, caso seja condenado no processo da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023.
“O golpismo, agora, é advogado explicitamente, sem qualquer pudor, pela família Bolsonaro. Indulto ou anistia, nem que seja pelo uso da força. Ou seja, conquistar esses benefícios constitucionais a qualquer preço, mesmo que isso signifique golpear as instituições democráticas”, afirmou Celso de Mello em entrevista à revista Consultor Jurídico (ConJur).
As declarações do ex-decano do STF surgem em reação à entrevista de Flávio Bolsonaro à Folha de S.Paulo, publicada no último sábado (14 de junho). Na ocasião, o senador condicionou o apoio de seu pai, Jair Bolsonaro, a qualquer candidato de direita nas eleições de 2026, desde que este se comprometa a conceder indulto ou anistia ao ex-presidente, caso condenado, e esteja disposto a enfrentar o Supremo Tribunal Federal (STF) caso a Corte declare a medida inconstitucional.
“Se o Supremo falar que é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá. O candidato que o Bolsonaro vai apoiar terá que ter esse compromisso, sim”, afirmou Flávio Bolsonaro, admitindo ainda que o cenário envolve a possibilidade de uso da força e de conflito direto entre os Poderes.
O ex-ministro questionou se algum presidente da República estaria disposto a desonrar-se pessoal e politicamente, violando a Constituição, apenas para atender aos interesses da família Bolsonaro.
“Estariam dispostos a vilipendiar a Constituição da República, somente para aplacar o inconformismo e o sentimento de ódio dos Bolsonaros?”, questionou.
Para ele, a exigência da família coloca os interesses pessoais de Jair Bolsonaro acima da supremacia da Carta Magna brasileira.
“A conveniência pessoal de Jair Bolsonaro está sendo elevada a um patamar superior ao da integridade da lei fundamental da República. A tanto chega a pretensão: fazer uso da força para conseguir e tornar irreversível a concessão de indulgência. Parece que sim!”, reforçou Celso de Mello.
O ex-presidente Jair Bolsonaro é réu no STF por seu envolvimento na tentativa de golpe que culminou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A declaração de Flávio Bolsonaro sugere que um futuro presidente aliado de seu pai deveria não apenas conceder indulto, mas também confrontar o STF, caso a medida seja considerada inconstitucional.
O Ministério Público e juristas de todo o país vêm expressando preocupação com as ameaças recorrentes à democracia.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Google informa ao STF que não tem dados sobre quem publicou minuta do golpe
Leia Mais
Senador Nelsinho Trad recebe sinal verde da FAB para repatriação de brasileiros em Israel
Leia Mais
Banco Central eleva Selic para 15% ao ano, o maior patamar desde 2006
Leia Mais
Relatório da PF aponta Bolsonaro como 'principal destinatário' de esquema da Abin paralela
Municípios