O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), está empenhado em destravar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o EFTA, bloco formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. A negociação, em estágio avançado, enfrenta entraves técnicos e diplomáticos, principalmente na área de propriedade intelectual e patentes de medicamentos.

Na última quarta-feira (22), Trad recebeu a secretária de Estado para Assuntos Econômicos da Suíça, Helene Budliger, e o embaixador suíço no Brasil, Pietro Lazzeri, para debater os desafios finais do acordo.

“Estamos a uma ou duas fases de poder fechar o acordo”, afirmou Budliger, ao destacar que o principal obstáculo está na falta de garantia de proteção para medicamentos importados.

Patentes em foco: Suíça pressiona por segurança jurídica para a indústria farmacêutica

A representante suíça destacou que o país considera o setor farmacêutico tão estratégico quanto o Brasil valoriza sua agricultura e infraestrutura. Segundo Budliger, as empresas suíças exigem respeito à propriedade intelectual, independentemente da origem do medicamento.

“Não posso permitir que minhas empresas sejam prejudicadas”, enfatizou a secretária.

Senador destaca histórico de equilíbrio e propõe avanço imediato

Em resposta, Nelsinho Trad reforçou seu comprometimento com o avanço do tratado e recordou seu papel como relator da lei da quebra de patentes durante a pandemia da Covid-19:

“Na ocasião, construímos uma legislação que respeita a propriedade intelectual. Vamos concluir isso. O que falta?”, questionou o senador, em tom de urgência.

Trad também destacou que a conjuntura mundial exige diálogo e flexibilidade para destravar barreiras comerciais em benefício mútuo.

Próximos passos: acordo pode ser assinado em solo brasileiro

Os suíços querem finalizar a negociação no dia 2 de julho, em Buenos Aires, e realizar a assinatura formal no Brasil, durante a presidência temporária do país no Mercosul, o que reforçaria o protagonismo brasileiro.

“O anúncio será em território argentino, e a assinatura no Brasil, com todo o mérito para o país”, declarou Budliger.

Impacto internacional: acerto com EFTA pode influenciar União Europeia

Helene Budliger afirmou que o acordo com o EFTA poderia estimular a retomada das tratativas entre o Mercosul e a União Europeia, que também estão emperradas há anos.

“Se vocês fecharem conosco em setembro, certamente a União Europeia vai querer avançar”, provocou a representante suíça.

Compromisso diplomático

“Chegou o momento em que falta apenas um último empurrão para resolver essa questão”, avaliou Nelsinho Trad. “Vou interceder junto aos negociadores brasileiros. O Brasil precisa se posicionar como protagonista em acordos globais.”