Meio Ambiente / Segurança
"Ela perdeu o medo do homem como predador", diz pesquisador sobre onça que matou caseiro no Pantanal
Animal está em observação no CRAS; professor e autoridades ambientais alertam para riscos da prática de ceva
24/04/2025
18:15
CE
DA REDAÇÃO
Animal chegou ao CRAS na manhã de hoje (24) e deve fazer bateria de exames - Divulgação/Saul Schramm
O professor e pesquisador Gediendson Araújo afirmou nesta quinta-feira (24) que a onça-pintada responsável pela morte do caseiro Jorge Ávalo no Pantanal “perdeu o medo de ver o homem como um predador maior”, o que pode ter contribuído para o ataque. Segundo ele, trata-se de um comportamento atípico, mas que pode estar relacionado ao contato frequente do animal com humanos.
“É um caso muito atípico, mas está muito relacionado à aceitação de um animal silvestre à presença de humanos”, afirmou Gediendson Araújo.
A onça, um macho com 94 quilos, foi capturada por volta das 4h da manhã nas imediações do pesqueiro Touro Morto, em Aquidauana, e levada ao CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande. O animal passará por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais.
Segundo o secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette, após os exames e a estabilização, o animal será inserido em um programa federal sob responsabilidade do ICMBio.
“O animal deve ficar no CRAS durante os exames que serão realizados, sua estabilização e recuperação. Depois, será direcionado pelo ICMBio”, afirmou Artur Falcette.
O professor Araújo destacou que não é normal uma onça se manter próxima a locais frequentados por pessoas, mesmo após movimentações e barulhos, como os causados por embarcações.
“Mesmo com todo o barulho do dia anterior, o animal voltou. Isso mostra que ele já estava acostumado à presença humana”, explicou Araújo.
Ele também revelou que o felino está abaixo do peso ideal, que deveria estar em torno de 120 kg, indicando possíveis problemas de saúde. A Polícia Civil investiga se o quadro debilitado está relacionado ao comportamento agressivo.
A investigação também levanta o debate sobre a ceva de animais, prática comum em áreas turísticas do Pantanal, onde turistas deixam restos de peixe ou alimentos para atrair onças.
“Infelizmente, isso acontece. As pessoas querem ver o animal de perto, mas isso gera conflito. O animal passa a não ver o humano como ameaça”, alertou Araújo.
“É uma prática que tem tudo para dar errado.”
O comandante do pelotão da PMA em Porto Murtinho, cujo nome não foi divulgado, reforçou que tanto a ceva proposital quanto a involuntária (como restos deixados após pesca) configuram crimes ambientais, previstos na legislação federal e estadual.
“A ceva é proibida. Muitas vezes ocorre em áreas de preservação permanente, o que agrava ainda mais a infração”, afirmou o comandante.
O ataque ao caseiro Jorge Ávalo ocorreu na segunda-feira (21). Um guia de pesca que buscava mel na propriedade notou a ausência da vítima e encontrou vestígios de sangue e pegadas nas proximidades. Equipes da PMA, do GPA (Grupamento Aéreo da PM) e da Polícia Civil foram acionadas.
A propriedade contava com sistema de câmeras, mas os equipamentos estavam inoperantes no momento do ataque.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
ÚLTIMA CHANCE: Contribuintes de Bataguassu têm até 30 de setembro para aderir ao REFIS 2025
Leia Mais
Relator da CPMI do INSS pede prisão preventiva de empresário ligado ao “Careca do INSS”
Leia Mais
Dra. Thelma Assis envia mensagem de apoio a pacientes da ABRAPEC durante Congresso Todos Juntos Contra o Câncer
Leia Mais
Quem são os brasileiros que tiveram vistos revogados pelo governo Trump
Municípios