Política / Justiça
Gleisi critica deputados da base de Lula que apoiam urgência de anistia a envolvidos no 8 de janeiro
Ministra alerta para risco de crise institucional e diz que projeto beneficiaria Bolsonaro e generais
11/04/2025
09:16
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou nesta quinta-feira (10) deputados que assinaram pedidos de urgência para a tramitação do projeto que concede anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Segundo ela, a aprovação da proposta representaria uma "crise institucional" e abriria espaço para beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e militares envolvidos em tramas golpistas.
“Alguns parlamentares estão desavisados sobre o conteúdo real do projeto. Ele concede anistia ao Bolsonaro e aos generais. Isso precisa ficar claro”, declarou a ministra.
Para Gleisi, embora seja legítima a discussão sobre mediação ou redução de penas para manifestantes de menor participação, como já defendido por parlamentares de vários partidos, não se pode permitir anistia para os responsáveis por arquitetar o golpe.
“O que não pode acontecer é uma anistia àqueles que conduziram o processo do golpe no país. Ao Bolsonaro, aos generais, àqueles que planejaram uma operação chamada Punhal Verde e Amarelo, que previa a morte do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes”, afirmou.
Ela reforçou que o projeto, da forma como está, afronta o sistema judicial e compromete a responsabilização dos articuladores do golpe.
A ministra disse confiar na condução do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e afirmou que ele próprio reconhece que o projeto não pode ser levado ao plenário sem provocar uma instabilidade institucional.
“Confio na palavra do presidente Hugo Motta, de que esse projeto não irá a voto”, disse Gleisi.
Apesar disso, ela considerou preocupante o número de assinaturas de deputados — inclusive da base do governo Lula — para o regime de urgência da proposta, o que aceleraria a análise do texto.
Após a entrevista, a ministra reforçou seu posicionamento nas redes sociais. Em uma publicação no X (antigo Twitter), Gleisi ironizou o argumento de que a anistia buscaria proteger manifestantes comuns, como a jovem Débora Rodrigues dos Santos, que pichou a estátua da Justiça no STF.
“Bolsonaro quer anistia para ele, não para o sorveteiro ou a moça do batom. É para afrontar o Judiciário que ele busca uma anistia prévia, antes mesmo de ser julgado”, escreveu.
O projeto que tramita na Câmara pretende conceder perdão penal a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas. A medida gerou reações imediatas de setores do governo e do Judiciário, que defendem punição rigorosa aos organizadores e financiadores dos ataques.
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