Política / Justiça
Despachante foragido promete delação premiada com revelações contra “altas autoridades” de MS
David Chita busca acordo de colaboração e pode revelar crimes ligados ao Detran e outras operações investigadas pela PF e Gaeco
10/04/2025
10:15
JCR
DA REDAÇÃO
Foragido há 10 meses, despachante estaria indignado por ser o único a “pagar o pato” (Foto: Arquivo)
O despachante David Clocky Hoffman Chita, foragido há 10 meses por envolvimento em um suposto esquema de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MS), decidiu formalizar um acordo de delação premiada que promete abalar os bastidores políticos de Mato Grosso do Sul. A informação foi confirmada por seu advogado, Ricardo Almeida, em nota divulgada nesta quinta-feira (11).
Segundo a defesa, o objetivo da colaboração é contribuir com investigações da Polícia Federal (PF) e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), revelando não apenas os bastidores do escândalo no Detran, mas também outras operações policiais em andamento e envolvimento de autoridades de alto escalão.
De acordo com o advogado, David Chita alega ter sido abandonado por antigos aliados políticos e está “cansado de responder por crimes que não cometeu sozinho”. Em sua delação, Chita estaria disposto a citar políticos influentes e agentes públicos, com potencial de causar um efeito devastador sobre reputações mantidas até agora intactas.
A defesa evita citar nomes, mas menciona que o conteúdo da delação vai além do Detran e pode atingir “diversas operações policiais” e até uma morte misteriosa que, segundo apuração extraoficial, teria sido tratada oficialmente como acidente, mas pode ser revelada como assassinato.
Durante a campanha eleitoral de 2024, David Chita apareceu em um vídeo acusando o deputado federal Beto Pereira (PSDB) de ser o principal articulador do esquema de corrupção no Detran. Apesar de a acusação não ter sido formalizada, a repercussão foi intensa e teria atrapalhado a campanha do tucano, que acabou fora do segundo turno na disputa pela Prefeitura de Campo Grande.
A estratégia agora é negociar a delação premiada com as autoridades competentes em troca de uma redução de pena e garantia de segurança física para Chita. A defesa já articula sua apresentação à Justiça, conforme destacado na nota oficial do advogado:
“Nos próximos dias iremos tratar com as autoridades competentes sobre as condições em que se fará a delação premiada, bem como a sua apresentação perante a Justiça, a fim de preservar a sua integridade física.”
A defesa afirma que Chita atuou por anos como despachante junto ao Detran e que representou desde pessoas simples até autoridades de alto nível. A nota destaca:
“Pode ser que tenha contas a prestar à Justiça. Está tranquilo e conformado quanto a isso. Mas certamente não atuou sozinho, em nenhum momento.”
O documento enfatiza que a colaboração tem como único objetivo “cumprir a lei e responsabilizar cada um por aquilo a que tiver dado causa”.
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