A situação política em São Gabriel do Oeste, município localizado a 137 quilômetros de Campo Grande, pode ser resolvida nos próximos dias após uma reviravolta envolvendo o PSD (Partido Social Democrático). A direção estadual do partido, a pedido do diretório nacional, desistiu da intervenção que tentou anular a convenção municipal e retirar o empresário Leocir Montagna da disputa eleitoral. Inicialmente, essa ação visava apoiar o candidato do PSDB, Sérgio Marcon, em função de um acordo político. Contudo, Montagna acabou conquistando a maioria dos votos e forçou o partido a reconsiderar sua posição.

Leocir Montagna e seu vice, Rogério Rohn, venceram as eleições municipais de 2024 com 49,38% dos votos válidos. Apesar da vitória, eles ainda não foram oficialmente reconhecidos como eleitos pela Justiça Eleitoral. Isso ocorreu porque o diretório estadual do PSD, liderado pelo senador Nelsinho Trad, não havia reconhecido a convenção municipal que lançou Montagna como candidato, argumentando que a decisão contraria um acordo prévio com o PSDB.

Mudança de posicionamento do PSD

Após a derrota de Sérgio Marcon, que ficou em segundo lugar com 42,43% dos votos, o PSD optou por encerrar a ação que movia contra a candidatura de Montagna no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MS). O partido justificou a desistência destacando a importância de ter um prefeito em um município estratégico como São Gabriel do Oeste.

"Em virtude da materialização do interesse partidário a partir do resultado democrático das eleições, bem como no sentido de ter em seus quadros prefeito de importante município no estado, deliberou pela anulação da intervenção anteriormente executada, de modo a validar a convenção municipal que escolheu Leocir Montagna e Rogério Rohr para concorrer aos cargos, respectivamente, de prefeito e vice-prefeito do município de São Gabriel do Oeste (MS)", afirmou o PSD no pedido apresentado à Justiça Eleitoral.

Montagna, que ainda aparece como “não eleito” no sistema da Justiça Eleitoral, comentou sobre a situação e a intervenção partidária. “Não sei exatamente a motivação do diretório à época, eles pediram intervenção. Acho que agora perceberam que realmente a população decidiu, a maioria dos eleitores decidiu. Sinto que realmente a população decidiu o negócio e agora é trabalhar e estou preparado e disposto para trabalhar pelas pessoas”, disse Montagna, reforçando seu compromisso com os cidadãos de São Gabriel do Oeste.

Outro impasse em Bandeirantes

Enquanto a situação de São Gabriel do Oeste parece caminhar para uma solução, outro município enfrenta incertezas. Em Bandeirantes, a 70 km da Capital, a eleição para prefeito também não foi concluída devido a um indeferimento judicial. O atual prefeito, Álvaro Nackle Urt (PSDB), foi reeleito em 6 de outubro com 29,81% dos votos, mas sua vitória está sob risco. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por meio do ministro André Mendonça, indeferiu o registro de candidatura de Urt em 10 de outubro, apenas quatro dias após a eleição.

O indeferimento atendeu a um recurso especial eleitoral do Ministério Público Eleitoral, que destacou uma cassação de mandato anterior em 29 de setembro de 2020. A decisão significa que uma nova eleição para a prefeitura de Bandeirantes será necessária, ainda sem data definida, segundo o presidente do TRE-MS.

A instabilidade eleitoral em ambos os municípios chama a atenção para a complexidade dos processos políticos e jurídicos no estado, com reflexos importantes na governabilidade e nas decisões futuras.