AMPLA VISÃO
Acordos nacionais afetaram as eleições municipais
17/10/2024
22:00
MANOEL AFONSO
CAPITAL: Debater a cidade, seus desafios, apontando soluções ou explorar a questão estritamente ideológica? Essa é a encruzilhada para as duas candidatas, e cada uma delas já escolheu de forma afirmativa a opção temática de sua campanha. O eleitor, que de idiota não é parente ou vizinho, já entendeu o quadro eleitoral.
QUESTÃO: A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e a ex-ministra Damares Alves seriam mesmo figuras emblemáticas e decisivas na definição de parte do eleitorado em prol da candidata Adriane Lopes? Uma questão muito discutida nos últimos dias pelo fato das candidatas terem desempenho avaliado como empate técnico nas pesquisas.
TERCEIRO TURNO? Lembra? Há dois anos, o Brasil saiu dividido das eleições presidenciais. Agora, o clima caminha na polarização ideológica tensionada. As posturas de Lula e Bolsonaro, com ações e pronunciamentos, têm funcionado como tentar apagar o fogo com gasolina. O pior: as chamas estão espalhadas pelo interior do país.
EPÍLOGO: O roteiro da ‘peça eleitoral’ quase sempre é o mesmo, variando apenas quanto aos atores. O material exposto na mídia pelas candidatas é suficiente para uma robusta avaliação. De resto, virá o debate na TV Morena, que tem sido uma boa fonte de subsídios. Aviso: a candidata que faltar ao evento só terá a perder.
EQUÍVOCOS: Giselle Marques, motivada pelos 135 mil votos ao governo, tentou a vereança da capital e ficou com 1.709 votos. O juiz Odilon teve apenas 2.435 votos, contra os 146 mil votos ao Senado. Para deputado federal, Tio Truts teve 29.028 votos na capital, mas agora amargou 705 votos a vereança. O ex-deputado Picarelli (9 mandatos) naufragou com 1.095 votos. Tudo ao seu tempo.
ANOTE: Futuros candidatos à Assembleia Legislativa: Odilon Ribeiro (Aquidauana), Josmail Rodrigues (Bonito), Juliano Ferro (Ivinhema), Lucas Foroni (Rio Brilhante), Ângelo Guerreiro (Três Lagoas), e políticos de Ponta Porã, Dourados, Nova Andradina, Naviraí, Maracaju, Sidrolândia. Além, é claro, de postulantes da capital e os atuais titulares do cargo.
COMPETIR: Nas Olimpíadas é uma coisa, na política é outra; não existe essa filosofia de competir por competir. Os derrotados da última eleição lamentam a votação recebida e ‘procuram’ explicações, mas sem a autocrítica, atribuindo a culpa às traições (sempre elas pagam o pato) e ao poder financeiro superior da concorrência.
A REGRA: Não se deve ser candidato de si mesmo. Pessoas sem liderança, sem grupo social representativo, opacas e com dificuldade de agregar, não têm espaço na política. Nestas eleições na capital, por exemplo, deparamos com candidaturas equivocadas, fundamentadas em razões que passam distante do universo político.
OBSERVAÇÕES: Candidatos precisam – antes de decidir pela disputa – consultar pessoas credenciadas na matéria. E mais: o fator família também conta muito porque ela será afetada, seja qual for o resultado. Como sempre, o problema maior é conter a vaidade que domina o homem – como mostra o filme ‘O Advogado do Diabo’.
PONTO DE VISTA: Não é fácil disputar eleição à vereança. Num olhar frio, parece fracasso obter 500 votos em Campo Grande. Normalmente o candidato conta de início com os votos de parentes (50 no máximo), dos vizinhos e amigos (mais 100). E onde arrumar o restante? 500 votos equivalem à lotação de 10 ônibus com 50 passageiros cada.
BOA DESCULPA: Cabo eleitoral deu R$100,00 para uma eleitora votar num candidato a vereador. Após as eleições veio a decepção: pouco mais de 300 votos contra os 500 votos ‘comprados’. Desconfiado que a eleitora não cumpriu sua parte no trato, o cabo eleitoral perguntou-lhe ‘qual a cor da camisa do candidato na telinha da urna?’ Ela argumentou: ‘estava tensa – só prestei atenção no número dele na telinha’.
ANTECIPADAS: Vez ou outra ouço no saguão da Assembleia Legislativa opiniões sobre a sucessão da mesa diretora. Vários fatores pesam. Pela sua postura, ouvindo e atendendo a todos os colegas, o presidente Gerson Claro vai viabilizando sua reeleição. A interrogação continua sobre a tão desejada 1ª Secretaria. É sempre assim.
SONDAGENS: Surgem naturalmente quando temos eleições pela frente. É o caso do advogado Mansour Elias Karmouche, ex-presidente da OAB e Conselheiro Federal da entidade, visto como nome com potencial para integrar uma chapa ao Senado em 2026. Consultado pelo colunista, Mansour agradeceu e alegou ter outras prioridades na vida.
MUDANÇAS: Militares, médicos, pastores e professores têm liderado a denominação de candidatos à vereança da capital. É a tática de associar a imagem do candidato à sua atividade profissional. Mas agora, dentre os eleitos, só usaram do recurso os professores Juari e Riverton; os médicos Jamal, Lívio e Victor – além do veterinário Francisco.
DOURADOS-1: Conversei com Franklin Schmalz (PSOL), vereador eleito com 2.452 votos, ativo do GLBT. Falamos inclusive da eleição de Jane Marcondes (PR), dona de um bordel e vereadora mais votada (2.992 votos). Franklin citou o paradoxo: a cidade que se posta de conservadora e convive bem com as diversidades sexuais. Enfim, Dourados ‘conserva’ e inova.
DOURADOS-2: Para os observadores, o deputado Zé Teixeira mostrou sua força ao costurar alianças em apoio à candidatura de Marçal Filho. O parlamentar também deve influenciar na eleição da futura mesa da Câmara. É público que Marçal conta com o apoio antecipado de nomes fortes da cidade para formação de equipe de alto calibre.
CANDIDATO SIM: Papo agradável na Assembleia Legislativa com o prefeito Josmail Rodrigues, de Bonito, reeleito com 73,27%. Confirmou que disputará a presidência da Assomasul – com o respaldo de políticos como o ex-governador Reinaldo Azambuja e o deputado Paulo Corrêa. Hábil, ele se diz aberto à composição com colegas, partidário do diálogo.
SUMIDA: Nem sinal da senadora Soraya Thronicke nestas eleições municipais. Também pudera! É voz corrente que ela atrapalharia mais do que ajudaria quem resolvesse apoiar. Mas ela sonha em disputar a Assembleia em 2026. Delírio puro, pois não formou base eleitoral na capital e no interior. Sairá do Senado direto pra casa.
EXEMPLO: Em 2006, o então senador Juvêncio C. da Fonseca resolveu disputar a eleição para deputado estadual e obteve apenas 8.267 votos (44º lugar). Esqueceu que a política é comparável ao elevador: sobe e desce. Ele errou o passo e foi atropelado pelo tempo. Seu caso é um alerta aos políticos teimosos que ignoram o fator tempo.
DEBATE: Deputado Jr. Mochi defendendo a unificação da data das eleições para evitar custos e transtornos nas administrações municipal e estadual. Já o deputado Zeca do PT é contra. Alega que há maior transferência de verbas públicas aos municípios justamente em ano de eleições. Pena: é pauta enroscada no Congresso sem data para resolver.
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