Campo Grande (MS), Segunda-feira, 10 de Novembro de 2025

Política / Meio Ambiente

Lula na abertura da COP30: “A mudança do clima já não é ameaça do futuro. É uma tragédia do presente”

Presidente faz apelo global por ação imediata, reforça o papel da ciência e propõe criação de Conselho do Clima na ONU durante discurso em Belém (PA)

10/11/2025

15:00

DA REDAÇÃO

O presidente Lula durante a abertura da COP30: 'Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada. No ritmo atual, ainda avançamos rumo a um aumento superior a um grau e meio na temperatura global. Romper essa barreira é um risco que não podemos correr' ©Ricardo Stuckert / PR

Com um discurso firme e emocionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abriu, nesta segunda-feira (10), a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), cobrando ações concretas e imediatas contra a crise climática global.

“A mudança do clima já não é ameaça do futuro. É uma tragédia do presente”, declarou Lula, citando o furacão Melissa, que atingiu o Caribe, e o tornado no Paraná, com ventos de até 330 km/h, como exemplos da gravidade do cenário atual.

Crise climática e desigualdade

Lula afirmou que a emergência climática é, acima de tudo, uma crise de desigualdade, que atinge de forma mais severa as populações pobres e vulneráveis.

“Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer”, afirmou.

O presidente defendeu que os países adotem medidas urgentes e baseadas na ciência, reforçando que a COP30 precisa ser “a COP da verdade”, em contraponto ao negacionismo climático e à desinformação.

“Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam a ciência e o multilateralismo. Controlam algoritmos, semeiam o ódio e espalham o medo. É momento de impor nova derrota aos negacionistas”, disse.

Chamado de Belém pelo Clima

Durante o discurso, Lula lançou o “Chamado de Belém pelo Clima”, um documento que propõe uma nova governança global para acelerar o cumprimento dos compromissos firmados no Acordo de Paris (2015).

O presidente propôs a criação de um Conselho do Clima, vinculado à Assembleia Geral da ONU, para dar maior peso político e institucional ao enfrentamento da crise ambiental.

“O mundo está andando na direção certa, mas na velocidade errada. Romper a barreira de 1,5°C é um risco que não podemos correr”, alertou Lula.

Homenagem à Amazônia e convite ao mundo

Em tom simbólico, Lula destacou a importância de a COP30 ser realizada pela primeira vez na Amazônia, agradecendo ao povo do Pará pela acolhida e aos esforços logísticos para sediar o evento.

“Quem só vê a floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra. O bioma mais diverso da Terra é casa de quase 50 milhões de pessoas. Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito”, afirmou.

O presidente também convidou as delegações a vivenciarem a cultura e a culinária paraense:

“Tirem proveito desta cidade, da alegria, do charme e da culinária do Pará. E não se esqueçam de provar a maniçoba”, brincou, arrancando aplausos do público.

Passagem de comando e simbolismo da conferência

A cerimônia marcou ainda a passagem da presidência da COP para o embaixador André Corrêa do Lago, que recebeu o cargo de Mukhtar Babayev, do Azerbaijão, presidente da COP29.

Corrêa do Lago destacou o papel da ciência e do multilateralismo, citando a palavra “mutirão” — de origem indígena — como símbolo da união necessária entre as nações.

“É através do mutirão que vamos implementar as decisões desta e das próximas COPs”, afirmou.

O papel da ciência e da ação global

As falas de Lula e Corrêa do Lago foram reforçadas por Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, que enfatizou a urgência de ações mais rápidas e eficazes:

“Lamentar não é uma estratégia. Precisamos de soluções. A queda das emissões só será real se houver compromisso com resultados.”

Chamado à humanidade

Encerrando seu discurso, Lula reforçou a responsabilidade coletiva diante da crise climática e fez um apelo pela valorização da vida humana e da diversidade cultural.

“Convoco a comunidade internacional a colocar as pessoas no centro da agenda climática. O aquecimento global pode empurrar milhões para a fome e a pobreza. É fundamental reconhecer o papel dos povos indígenas e das comunidades tradicionais nos esforços de mitigação.”

Com forte simbolismo político e ambiental, a abertura da COP30 em Belém coloca o Brasil no centro do debate climático mundial, em um momento decisivo para a humanidade.


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