Polícia / Justiça
Dívidas com agiotas para criar cinco filhos levaram Luana à situação que terminou em feminicídio, relata ex-marido
Mulher de 32 anos foi assassinada com 11 facadas em Campo Grande; autor já era foragido por outro crime semelhante em Mato Grosso
30/10/2025
10:15
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
A história de Luana Cristina Ferreira Alves, de 32 anos, revela um ciclo de violência, vulnerabilidade e desespero. Mãe de cinco filhos, ela foi morta com 11 facadas no último dia 28 de outubro, em Campo Grande (MS), após tentar recomeçar a vida. O suspeito, Gilson Castelan de Souza, de 48 anos, foi preso em flagrante e confessou o crime — o segundo feminicídio que cometeu em três anos.
Segundo o ex-marido, que preferiu não se identificar, Luana começou a fazer programas sexuais para pagar dívidas com agiotas e sustentar os filhos.
“Ela devia R$ 25 mil só para um deles. Chegou a pagar R$ 250 por dia. Era muita pressão. Fazia isso para manter as crianças, porque o pai delas não ajudava. Ela não queria essa vida, mas foi ameaçada”, relatou o homem, que é pai de duas das meninas.
Eles haviam se separado há cerca de 30 dias, após ele descobrir a situação, mas ensaiavam uma reconciliação no dia do crime.
“Pedi para ela ficar. Minha filha chegou a dizer: ‘Não vai embora, tia’. Ela disse que ia só buscar umas roupas na casa do irmão, mas pegou um carro de aplicativo e foi para o encontro com aquele homem. Nunca mais voltou”, contou emocionado.
Luana foi morta no pátio de uma empresa de máquinas, no bairro Jardim Colúmbia, onde o assassino estava hospedado. Vizinhos ouviram gritos e viram a mulher ensanguentada pedindo ajuda, antes de morrer.
“Ela sentou na cadeira toda machucada, com sangue no rosto e nas roupas. Disse que veio fazer um programa com o rapaz. As últimas palavras dela foram: ‘Por favor, não me deixe morrer’”, relatou uma moradora à polícia.
O Samu tentou reanimá-la, mas ela não resistiu. Gilson Castelan fugiu a pé, mas foi preso logo em seguida pela Polícia Militar, na Avenida Cônsul Assaf Trad.
Investigadores confirmaram que Gilson era foragido desde 2022 por outro feminicídio cometido em Várzea Grande (MT). A vítima anterior, Silbene Guia Dolores da Silva, de 40 anos, foi morta também com facadas no pescoço e na cabeça, o mesmo modus operandi do crime em Campo Grande.
Três anos depois, Gilson repetiu o ato. “Matei minha mulher com uma faca”, ele chegou a confessar a um familiar na época, antes de fugir. Agora, volta a responder por duplo feminicídio, com agravantes de crueldade e reincidência.
O assassinato de Luana eleva para 32 o número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul em 2025, conforme levantamento das autoridades estaduais. Os casos se multiplicam em cidades como Campo Grande, Dourados, Corumbá, Cassilândia, Costa Rica e Naviraí, revelando um cenário alarmante de violência contra mulheres.
Especialistas apontam que a falta de políticas públicas de proteção e apoio financeiro agrava a vulnerabilidade de mulheres em situação de pobreza, dependência econômica e ameaça.
Mulheres em situação de risco ou testemunhas de violência podem recorrer a canais de atendimento e denúncia:
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Atendimento gratuito, 24h por dia, também via WhatsApp (61) 9610-0180.
Casa da Mulher Brasileira – Campo Grande
Rua Brasília, Jardim Imá | Telefone: (67) 2020-1300
Emergência: acione a Polícia Militar pelo 190.
A denúncia pode salvar uma vida.
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