Interior / Bataguassu
Tratorista mata ex-enteado com pão envenenado em Bataguassu e diz ter agido após ameaças
Idoso de 62 anos confessou o crime; Justiça converteu prisão preventiva em domiciliar
27/10/2025
06:45
CENÁRIO MS
DA REDAÇÃO
Um dos pães com mortadela que com chumbinho encontrado com a vítima (Foto: Reprodução auto de prisão)
Um crime chocante marcou o domingo (26) em Bataguassu, município a 335 quilômetros de Campo Grande. O tratorista João do Nascimento Batista, de 62 anos, foi preso em flagrante após matar o ex-enteado, Cléber Arguelho Neto, de 22 anos, com um pão e mortadela envenenados com chumbinho, um tipo de veneno para rato de uso proibido no país.
Segundo a polícia, a vítima chegou a pedir socorro, mas não resistiu à intoxicação. O idoso confessou o crime, alegando ter sido ameaçado de morte pela vítima nos dias anteriores.
O caso ocorreu por volta das 11h30, no Bairro Jardim Campo Grande. Testemunhas relataram ter ouvido gritos de socorro e, ao sair na rua, encontraram Cléber passando mal na calçada. Antes de desmaiar, ele teria dito que “João, o pai da Mariana” — seu ex-padrasto — havia lhe dado o alimento envenenado.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e levou a vítima para a Santa Casa de Bataguassu, mas o jovem não resistiu. Próximo ao local, os policiais encontraram um saco com pão e mortadela misturados a uma substância escura, semelhante ao veneno popularmente conhecido como chumbinho. A Perícia Técnica recolheu o material para análise laboratorial.

A Polícia Civil iniciou diligências e chegou à residência do idoso. No imóvel, foram encontrados plásticos de mortadela, pedaços de pão e sacolas idênticas às que estavam com a vítima.
Inicialmente, João negou o crime, mas acabou confessando ter colocado o veneno no alimento. Ele afirmou que Cléber era usuário de drogas e que vinha o ameaçando com uma faca e exigindo dinheiro e pertences.
“Eu tive medo, ele vivia me ameaçando”, disse o idoso aos policiais.
O tratorista, que tem atrofia em uma das mãos e dificuldades para andar, recebeu voz de prisão e foi levado à 1ª Delegacia de Polícia de Bataguassu. Durante audiência de custódia, a prisão preventiva foi substituída por domiciliar, em razão de sua condição física e idade.
O chumbinho é um agrotóxico ilegal, à base de carbamatos, frequentemente vendido clandestinamente como raticida. Seu efeito é rápido e letal, agindo sobre o sistema nervoso central. A substância inibe a enzima acetilcolinesterase, causando colapso nervoso, salivação intensa, tremores, vômitos e paralisia respiratória, que leva à morte por asfixia em poucos minutos.
Conforme registros da polícia, Cléber Arguelho Neto tinha diversas passagens criminais, incluindo furtos, roubos e ameaças. O primeiro registro ocorreu em 2018, quando ele tinha apenas 15 anos. O jovem também havia sido vítima em ocorrências de lesão corporal e violência doméstica.
Com a confissão e as provas reunidas, João do Nascimento Batista foi indiciado por homicídio qualificado pelo uso de veneno, crime previsto no artigo 121 do Código Penal. O caso segue sob investigação da Delegacia de Bataguassu, que deve ouvir novas testemunhas nos próximos dias.
O episódio reacende o alerta para os riscos do uso ilegal de substâncias tóxicas e a escalada de conflitos familiares que terminam em tragédias.
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