Política Internacional
Trump se impressiona com o tempo em que Lula ficou preso e demonstra “empatia”, dizem assessores
Reunião na Malásia marcou início de nova fase diplomática entre Brasil e EUA, com foco em tarifas, Lei Magnitsky e retomada do diálogo
26/10/2025
09:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Durante o encontro de 45 minutos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente norte-americano Donald Trump, neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, um dos momentos que mais chamou a atenção foi a demonstração de empatia de Trump ao ouvir o relato de Lula sobre o período em que ficou preso por 580 dias, entre abril de 2018 e novembro de 2019.
Segundo assessores que acompanharam a conversa, o republicano se mostrou impressionado com a história e comentou que “ambos deram a volta no sistema” — em referência às próprias acusações criminais que enfrentou nos Estados Unidos.
“Trump demonstrou interesse e conhecia o caso. Disse a Lula que considerava impressionante o tempo em que ele ficou preso e mostrou empatia com a trajetória do brasileiro”, relatou uma fonte próxima ao encontro.
Lula contou brevemente a Trump que passou mais de 580 dias detido na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, antes de ser libertado por decisão do Supremo Tribunal Federal.
Trump, segundo interlocutores, reagiu com surpresa e associou a experiência de Lula às perseguições políticas e judiciais que afirma ter sofrido em seu próprio país.
Atualmente, Trump enfrenta quatro processos criminais nos Estados Unidos, incluindo o relacionado à invasão do Capitólio em 2021. No entanto, com sua volta à presidência, o republicano conseguiu neutralizar parte das condenações de seus aliados e minimizar as investigações pendentes.
“Ambos falaram de forma leve sobre superação e resistência política”, contou um assessor. “Foi uma conversa cordial, sem qualquer tensão.”
O principal tema da reunião, porém, foi o tarifaço de 50% imposto por Washington sobre produtos brasileiros, além das sanções aplicadas a autoridades do STF e do governo com base na Lei Magnitsky.
De acordo com fontes diplomáticas, Trump se mostrou disposto a revisar as medidas, embora tenha evitado promessas imediatas. A avaliação do Itamaraty é de que o encontro “abriu caminho real para uma negociação estruturada”, iniciando um processo gradual de redução de tensões comerciais e políticas.
“Há um caminho. Tudo vai depender da velocidade com que Trump e sua equipe decidirem redefinir essas medidas”, avaliou um integrante da delegação brasileira.
Os assessores que acompanharam o encontro destacaram o clima amistoso e sem tensão. Trump teria chegado “desarmado e disposto a ouvir”, enquanto Lula se mostrou tranquilo, preparado e seguro, com uma pauta extensa escrita em inglês.
A percepção entre os diplomatas é de que a reunião “encerra o processo de descontaminação do fator Bolsonaro” nas relações entre os dois países, abrindo espaço para um novo ciclo de diálogo direto e pragmático.
“O encontro consolida uma nova etapa na relação Brasil-EUA. Agora começa a fase de negociar de fato”, disse uma fonte do Planalto.
A reunião entre Lula e Trump ocorreu à margem da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lumpur. Tanto o Brasil quanto os Estados Unidos participaram como convidados do bloco, aproveitando o evento como ambiente neutro para a reaproximação diplomática.
A expectativa é que as equipes técnicas dos dois governos iniciem, ainda nesta semana, uma agenda de reuniões bilaterais para tratar de tarifas, comércio, meio ambiente e cooperação tecnológica.
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