A movimentação do centrão em torno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como possível candidato à Presidência em 2026, acendeu o tom das críticas públicas de dois filhos de Jair Bolsonaro (PL). Nos últimos dias, Carlos Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro intensificaram ataques a aliados, acusando-os de oportunismo às vésperas do julgamento do ex-presidente no STF (Supremo Tribunal Federal), que pode resultar em condenação superior a 40 anos de prisão.

Segundo dirigentes do PL e de partidos de centro e direita, a reação é vista como tentativa de manter o espólio eleitoral do pai sob controle do clã e, ao mesmo tempo, reforçar a própria relevância dos filhos de Bolsonaro, que disputarão cargos em 2026.

Críticas nas redes sociais

Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, acusou aliados de falta de “humanidade” e chamou o julgamento do STF de “o maior teatro da história do Brasil”. Já Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos atuando por sanções junto ao governo de Donald Trump, disse não aceitar “chantagens” sobre eventual substituição de seu pai:

“Qualquer decisão política será tomada por nós. Não adianta vir com o papo de ‘única salvação’, porque não iremos nos submeter”, afirmou.

Eduardo também criticou a ausência de seu nome na última pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, que testou apenas Tarcísio, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o próprio Jair Bolsonaro. A cobrança foi interpretada como recado direto ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, alvo de críticas internas do deputado.

O vereador de Balneário Camboriú (SC), Jair Renan Bolsonaro, reforçou as queixas, chamando o irmão de “opção natural da direita”.

Discrição de Flávio e aproximação de Tarcísio

Na contramão dos irmãos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tem adotado postura cautelosa. Considerado o principal porta-voz do pai por estar em Brasília, evita criticar Tarcísio e busca preservar pontes políticas.

Enquanto isso, Tarcísio tem reforçado sua projeção nacional. Na segunda-feira (25), foi destaque na festa de 20 anos do Republicanos, onde o presidente da legenda, Marcos Pereira (SP), afirmou que o país terá uma escolha decisiva entre “o passado e o futuro” em 2026.

No mesmo dia, Valdemar Costa Neto revelou já ter tratado com o governador sobre eventual candidatura presidencial pelo PL:

“Ele falou na frente de cinco governadores: ‘sou candidato a governador, mas, se eu for candidato a presidente, eu vou para o PL’”, disse.

Bastidores e alianças

Nos bastidores, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), e o líder do União Brasil, Antonio Rueda, são apontados como os principais entusiastas da candidatura de Tarcísio. O jantar com governadores oposicionistas, realizado no dia da aprovação da federação União Brasil-PP, foi considerado por dirigentes como um “pré-lançamento” da corrida presidencial.

Ainda que outros nomes da direita, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), também estejam no radar, a estratégia do bloco é se unir em torno de um candidato capaz de enfrentar Lula (PT) em 2026 e impor derrotas ao governo no Congresso.

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