Política / Justiça
Bolsonaro tem prisão domiciliar decretada após telefonema a ato pró-anistia no Rio
Ministro Alexandre de Moraes considera que ex-presidente violou medidas cautelares ao falar com apoiadores via celular de Flávio; PF apreendeu aparelho
04/08/2025
19:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou nesta segunda-feira (4) a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 132 dias após ele se tornar réu por tentativa de golpe de Estado. A decisão veio após o ex-presidente participar de um ato público em Copacabana, no Rio de Janeiro, por meio de um telefonema divulgado por Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Segundo o STF, a manifestação representou violação deliberada das medidas cautelares, que já proibiam Bolsonaro de usar redes sociais ou se comunicar com o público, inclusive por meio de terceiros. O vídeo, que foi amplamente compartilhado por aliados e familiares, mostra Bolsonaro em casa, usando tornozeleira eletrônica e enviando uma mensagem direta aos apoiadores.
"Boa tarde, Copacabana. Boa tarde, meu Brasil. Um abraço a todos. É pela nossa liberdade. Estamos juntos", disse o ex-presidente no vídeo, divulgado no perfil de Flávio Bolsonaro.
Duas equipes da Polícia Federal estiveram na residência do ex-presidente, em Brasília, no fim da tarde. A PF monitorava Bolsonaro pela tornozeleira eletrônica e o abordou quando ele chegava em casa. Segundo fontes da corporação, Bolsonaro inicialmente se recusou a assinar o mandado de prisão e pediu que seus advogados estivessem presentes. Depois, mudou de ideia e assinou o documento.
A PF apreendeu o celular de Bolsonaro, que foi encaminhado para a perícia técnica. Não houve buscas adicionais no interior da residência. O ex-presidente agora cumpre prisão domiciliar, com restrição de visitas a apenas advogados e familiares autorizados, além da proibição de uso de celulares, seja pessoal ou de terceiros.
Na decisão, Moraes classificou a conduta de Bolsonaro como um “flagrante desrespeito” à autoridade do Supremo, citando o uso “doloso e consciente” de redes sociais para instigar ataques à Corte e apoiar intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro.
“O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares — pela segunda vez — deve sofrer as consequências legais”, escreveu Moraes.
“A Justiça é cega, mas não é tola.”
Além do vídeo divulgado por Flávio, Moraes citou uma chamada de vídeo feita por Bolsonaro ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) durante o mesmo ato, também considerada violação.
“O réu realizou ligação telefônica, por chamada de vídeo, com seu apoiador político, demonstrando o desrespeito à decisão proferida por esta Suprema Corte”, diz o despacho.
O ministro também afirmou que houve tentativa de ocultar a infração, ao destacar que Flávio apagou a publicação pouco tempo depois.
Prisão domiciliar em tempo integral
Monitoramento por tornozeleira eletrônica
Proibição de uso de redes sociais
Proibição de usar ou acessar celulares, direta ou indiretamente
Restrição de visitas (somente familiares próximos e advogados)
Vedação de contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras
A decisão reforça que Bolsonaro é investigado por coação no curso do processo, obstrução de Justiça e integração a organização criminosa, e que sua conduta representa continuidade delitiva.
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