Campo Grande (MS), Quarta-feira, 16 de Julho de 2025

Política / Câmara Federal

Hugo Motta emprega funcionárias fantasmas em gabinete da Câmara; demissões ocorrem após questionamentos da imprensa

Presidente da Câmara é acusado de manter em sua equipe três servidoras com rotinas incompatíveis com as funções públicas que exerciam; duas foram demitidas após reportagem da Folha

16/07/2025

10:30

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), é acusado de empregar três funcionárias fantasmas em seu gabinete parlamentar, com jornadas de trabalho incompatíveis com o cargo de secretário parlamentar de 40 horas semanais, conforme revelou uma investigação do jornal Folha de S.Paulo. As denúncias indicam que as funcionárias acumulavam outras atividades ou sequer residiam em Brasília, sede do Legislativo.

Após ser procurado pela imprensa no dia 8 de julho, Hugo Motta determinou a demissão de duas das três servidoras. A assessoria do deputado confirmou a medida apenas nesta terça-feira (15), mas os desligamentos ainda não foram oficializados no boletim da Câmara.

Quem são as servidoras citadas na denúncia

Gabriela Pagidis

  • Cargo: Secretária parlamentar desde 2017

  • Profissão real: Fisioterapeuta em duas clínicas do DF

  • Salário: R$ 11.500 + R$ 1.800 em auxílio

  • Outros vínculos: Filha da ex-chefe de gabinete de Hugo Motta

  • Incompatibilidade: Atendimento integral em clínicas às segundas, quartas e parte das terças e quintas; presença documentada em redes sociais durante o horário de trabalho parlamentar

Louise Lacerda

  • Cargo: Secretária parlamentar desde 2018

  • Profissão real: Estudante de medicina em período integral em João Pessoa (PB)

  • Salário: R$ 2.800 + R$ 1.800 em auxílio

  • Outros vínculos: Filha de ex-vereador e ligada a políticos do Republicanos na Paraíba

  • Incompatibilidade: Curso integral e residência a mais de 2 mil km da Câmara

Monique Magno

  • Cargo: Secretária parlamentar desde 2019

  • Profissão real: Assistente social da Prefeitura de João Pessoa

  • Salário: R$ 1.800 + R$ 1.800 em auxílio na Câmara + R$ 2.000 na prefeitura

  • Incompatibilidade: Carga horária de 30h na prefeitura; Câmara proíbe acúmulo com outro cargo público; em ação judicial, omitiu o cargo na Câmara

Salários e benefícios questionados

Juntas, as três servidoras receberam R$ 112 mil apenas em 2025, incluindo salários, auxílios e gratificações. A reportagem não conseguiu obter o registro de ponto das funcionárias, já que a Câmara dispensa o controle biométrico para cargos de confiança.

Declarações e reação de Motta

Em nota, Hugo Motta afirmou que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários” e que alguns deles atuam de forma remota dentro das normas da Câmara. No entanto, não forneceu detalhes sobre as funções exercidas pelas servidoras nem os horários de trabalho.

Além disso, a reportagem identificou que a ex-sogra de seu pai, Maria do Carmo Brito, também ocupa cargo em seu gabinete desde 2020. Ela recebe R$ 2.900 mais R$ 1.800 em auxílios, além de aposentadoria estadual. Em ação judicial de 2021, negou ter qualquer vínculo empregatício, o que pode configurar falsidade ideológica.

Histórico político e nepotismo cruzado

  • Motta está na Câmara desde 2011 e preside o Republicanos na Paraíba.

  • As funcionárias envolvidas possuem vínculos pessoais com aliados e familiares do parlamentar, configurando indícios de nepotismo cruzado.

  • Gabriela Pagidis é filha de sua ex-chefe de gabinete; Louise é filha de ex-vereador do partido; Monique é filha de ex-servidora do próprio gabinete.

Implicações legais e políticas

A denúncia levanta sérias suspeitas de improbidade administrativa, desvio de recursos públicos e descumprimento da Lei de Improbidade. O caso deve ser analisado pela Corregedoria da Câmara, além de possíveis ações do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas da União (TCU).


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