Política / Transporte Público
“Ninguém mais confia nesta Casa”, diz usuária durante audiência da CPI do Consórcio Guaicurus em Campo Grande
Moradora denuncia superlotação, atrasos, ônibus em péssimo estado e cobra vereadores: “O transporte está um lixo”
25/06/2025
13:00
DA REDAÇÃO
Servidora é usuária do transporte coletivo ©Madu Livramento
A insatisfação da população com o transporte público de Campo Grande foi escancarada durante audiência da CPI do Consórcio Guaicurus, nesta quarta-feira (25), na Câmara Municipal. Em depoimento contundente, a servidora pública Ana Lucia Ramires Mendonça, moradora do bairro Jardim Talismã, criticou com veemência as condições do sistema e demonstrou desconfiança em relação aos vereadores.
“Os senhores deveriam se atentar a isso, porque ninguém mais está confiando nesta Casa. Alguém já disse aqui: as outras CPIs acabaram em pizza”, afirmou.
A fala foi motivada após o presidente da Câmara, vereador Papy (PSDB), sugerir a possibilidade de novos repasses mensais ao Consórcio Guaicurus, grupo de empresas investigado pela CPI. “É um dinheiro para salvar o transporte, independente de quem é culpado”, declarou o parlamentar.
Nos três minutos permitidos à fala popular, Ana Lucia relatou a realidade diária enfrentada pelos passageiros:
Atrasos constantes, que fazem os usuários perderem conexões e aguardarem até uma hora por outro ônibus;
Ônibus enferrujados, bancos quebrados e veículos fumaçando;
Falta de acessibilidade, com novos pontos de embarque mal planejados;
Superlotação fora do horário de pico, que impede embarque seguro e expõe mulheres a assédio.
“Eu não quero ser encoxada no ônibus. Eu pago, e pago caro”, desabafou.
Ana ainda desafiou os vereadores:
“Dizem que não é longe andar até outro ponto. Quero ver qualquer um de vocês ir da Fernando Corrêa até a Cândido Mariano. Eu me locomovo, mas e a pessoa idosa? E a criança?”
Durante a audiência, o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, admitiu que a agência não multa ônibus do Consórcio por excesso de passageiros, embora penalize veículos de passeio pela mesma infração.
“Não é horário de pico”, reforçou Ana, destacando que a superlotação é recorrente em qualquer horário do dia.
A relatora da CPI, vereadora Ana Portela (PL), prometeu providências:
“Nós iremos fazer todos os apontamentos necessários. Essa CPI não vai acabar em pizza.”
Já a vereadora Luiza Ribeiro (PT) afirmou que os depoimentos dos usuários serão incorporados ao relatório como testemunhos, e não como pessoas investigadas:
“Você está aqui como testemunha do que vive todos os dias. Sua contribuição será parte do nosso relatório.”
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