Judiciário
Juiz de MS investigado por venda de sentenças tentou comprar fazenda de R$ 18 milhões
Segundo o CNJ, magistrado precisaria de 35 anos de salário para pagar o imóvel; operação revela suspeita de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro
24/06/2025
20:00
CE
DA REDAÇÃO
Juiz Paulo Afonso de Oliveira, afastado desde o ano passado por suspeita de venda de sentença
O juiz Paulo Afonso de Oliveira, afastado da 2ª Vara Cível de Campo Grande (MS) por suspeita de venda de sentenças judiciais, tentou adquirir uma fazenda avaliada em R$ 18 milhões, valor considerado incompatível com sua renda formal. A proposta de compra chamou atenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que aponta indícios de lavagem de dinheiro e patrimônio incompatível com os rendimentos do magistrado.
A origem da suspeita
Segundo relatório do ministro Luís Roberto Barroso, presidente do CNJ e do STF, o valor da fazenda corresponde a cerca de 35 anos de salário bruto de um desembargador. A proposta envolvia dois apartamentos como entrada — um avaliado em R$ 2,5 milhões e outro em R$ 700 mil.
O relatório detalha que mesmo com rendimentos como produtor rural, Paulo Afonso não teria capacidade legal de adquirir o imóvel. A suspeita é de que o juiz tenha usado recursos ilícitos, possivelmente oriundos de um esquema de corrupção judicial investigado na “Operação Ultima Ratio”.
Patrimônio questionado
Além da tentativa de compra da Fazenda Nova Guaporé, em Bodoquena (MS), Paulo Afonso já é investigado por ter adquirido a Fazenda Recanto da Serra, de mil hectares, por R$ 700 mil em 2008 — imóvel que hoje vale entre R$ 30 milhões e R$ 70 milhões, segundo a Polícia Federal.
Também foi identificada a compra de uma aeronave e movimentações bancárias vultosas, com transferências recebidas da Frizelo Frigoríficos Ltda., empresa mencionada em delações sobre pagamento de propina ao também investigado Aldo Ferreira da Silva Júnior, ex-juiz aposentado compulsoriamente.
Andamento do processo
O CNJ já determinou o afastamento preventivo de Paulo Afonso, mantido por unanimidade do plenário.
O processo disciplinar administrativo está em curso.
O juiz pode ser punido com aposentadoria compulsória ou perda definitiva do cargo.
A defesa alegou que a proposta de compra da fazenda foi apenas uma cogitação, descartada por causa da queda no preço da arroba do boi gordo.
Esquema maior
As investigações fazem parte de um suposto esquema de venda de decisões judiciais, com ligação entre juízes, advogados e empresas beneficiadas por sentenças favoráveis. O caso também é apurado pelo Gaeco e pela Polícia Federal.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Energisa realiza campanha de prevenção a acidentes elétricos na construção civil em 16 cidades de MS
Leia Mais
Alexandre Pato se oferece para pagar translado do corpo de Juliana Marins, brasileira morta em vulcão na Indonésia
Leia Mais
Professor da UEMS representa MS em conferência científica na França e celebra acordo internacional com foco em sustentabilidade
Leia Mais
Após três meses do cateterismo, deputado Zeca do PT passa por nova cirurgia em Campo Grande
Municípios