Cultura / Sociedade
Trajetória de Aleixo Paraguassu, primeiro juiz negro de MS, é eternizada no livro ‘Vontade Indomável’
Obra narra a vida e carreira do fundador do Instituto Luther King, que também foi secretário de Estado, professor e delegado
21/06/2025
09:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A história de vida e a carreira de Aleixo Paraguassu Netto, primeiro juiz negro de Mato Grosso do Sul, estão agora eternizadas na biografia “Vontade Indomável”, lançada na última quarta-feira (18) na Galeria dos Desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
O livro, escrito pelas jornalistas Helen Suzuki e Rachel Anderson, narra de forma humanizada a trajetória de Aleixo, que também foi fundador do Instituto Luther King, secretário de Estado, professor, delegado e uma das personalidades mais marcantes da história jurídica e social do Estado.
“Há 42 anos, eu me aposentei como juiz. Eu saí daqui com os pés, mas o meu coração vai ficar até a morte aqui. Lendo o livro, vocês entenderão um pouco do porquê fazer essa menção”, declarou emocionado durante o lançamento.
O processo de produção da obra levou cerca de um ano, reunindo depoimentos gravados e relatos que foram organizados em narrativa pela escritora Rachel Anderson, com revisão da jornalista Helen Suzuki. O livro foi impresso em Mato Grosso do Sul pela Gráfica do Oeste.
Aleixo revelou que inicialmente resistiu à ideia de ter sua vida contada em livro, mas cedeu aos apelos da neta Bianca Paraguassu, médica endocrinologista, que o convenceu da importância do registro.
“Eu não queria a publicação da biografia, por achar que poderia parecer pretensão. Mas não resisti à insistência dela, talvez querendo guardar as histórias do avô querido para ler depois”, contou.
Bianca, por sua vez, destacou que utilizou o mesmo processo de convencimento que aplica na profissão, guiando pacientes em busca de hábitos mais saudáveis.
“Disse a ele que as pessoas seriam mais impactadas ouvindo essa história em vida. Ele é um exemplo de humildade e ética”, completou.
Presente no lançamento, o presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Henrique de Medeiros, ressaltou a importância do livro como legado para as futuras gerações.
“O Aleixo Paraguassu é uma instituição. Este livro é um resgate de uma caminhada de vida que serve como exemplo. Deixar isso registrado é o que importa”, afirmou.
Nascido em Belo Horizonte (MG), Aleixo ingressou muito jovem no mercado de trabalho e na carreira militar. Formou-se em Direito pela Faculdade Nacional de Direito no Rio de Janeiro, onde cultivou amizades que mantém até hoje, como com o advogado Carmelino de Arruda Rezende, um dos autores do prefácio da obra.
Na magistratura desde 1974, atuou nas comarcas de Rio Brilhante, Bataguassu, Dourados e Campo Grande, onde se aposentou. Posteriormente, assumiu a Secretaria Estadual de Segurança Pública (1983) e foi secretário de Estado de Educação em dois períodos (1987 e 1995-1997).
Além disso, foi:
Presidente da Associação de Magistrados de MS (Amamsul)
Coordenador de Controle Interno do TRE-MS
Assessor jurídico da Presidência do TRE-MS
Presidente do Conselho Estadual de Desenvolvimento e Defesa dos Direitos do Negro (Cedine)
Fundador e presidente do Instituto Luther King (desde 2003)
Também atuou como professor no curso de Direito da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), da Unigran (Dourados), da Escola Superior da Magistratura de MS (Esmagis) e da Escola de Polícia do Distrito Federal.
Ao final, Aleixo Paraguassu deixou uma reflexão sobre seu desejo de que o livro inspire aqueles que enfrentam dificuldades e também sensibilize os mais favorecidos sobre as desigualdades sociais do país.
“Espero que [o livro] sirva de inspiração para pessoas que precisam de um esforço sobre-humano para vencer. Isso foi o que fiz a vida toda. E que pessoas mais abastadas tenham mais sensibilidade com os problemas sociais. Não é possível um país se desenvolver com os níveis de desigualdade que experimentamos”, concluiu.
“Há um adágio inglês que diz: ‘A terra da gente é onde a gente sai com os pés e deixa o coração’. A minha terra, até o fim da vida, será a magistratura”, finalizou.
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