Economia / Política
Câmara aprova urgência para derrubar decreto do IOF e impõe derrota ao governo Lula
Parlamentares aceleram votação em meio a crise das emendas e pressão contra aumento de impostos
16/06/2025
21:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta segunda-feira (16), um requerimento de urgência para o projeto que visa derrubar o decreto do governo Lula (PT) que elevou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A votação representa uma dura derrota para o Executivo, que enfrenta resistência crescente no Congresso.
Com a aprovação da urgência, a proposta pode ser votada diretamente no plenário, sem necessidade de passar pelas comissões temáticas. No entanto, a análise do mérito ainda não tem data definida.
O placar foi expressivo: 346 votos favoráveis contra 97 contrários, evidenciando uma articulação que uniu até partidos da base do governo, como PP, União Brasil, Republicanos e PSD, que controlam ministérios na Esplanada dos Ministérios.
Nos bastidores, deputados revelam que o desconforto vai além do imposto em si. O movimento é também uma resposta direta ao atraso no pagamento das emendas parlamentares, instrumento crucial na negociação entre governo e Congresso.
“A ideia é deixar o governo sangrar”, confidenciou um parlamentar da oposição, reforçando que a urgência serve como instrumento de pressão para forçar o Planalto a cumprir os acordos relacionados às emendas.
O estopim da crise foi a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que na última semana determinou que o Congresso explique, em 10 dias, a destinação de um orçamento paralelo de R$ 8,5 bilhões em emendas atreladas ao Palácio do Planalto.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), reagiu imediatamente, avisando a líderes governistas que, enquanto não houver uma solução para o impasse das emendas, nenhum projeto de interesse do governo terá andamento na Casa.
Mesmo após uma tentativa de conciliação, com reunião de ministros do governo Lula com líderes partidários na tarde desta segunda, a Câmara manteve o embate e aprovou a urgência.
O discurso oficial dos deputados é que não há ambiente político para aumento de impostos. Na prática, o pano de fundo é o crescente desgaste na relação entre Executivo e Legislativo.
O governo aumentou em maio a alíquota do IOF sobre empréstimos e operações de crédito, alegando necessidade de elevar a arrecadação.
Diante da repercussão negativa, o Planalto editou um novo decreto em 11 de junho, reduzindo parcialmente o aumento:
Alíquota fixa caiu de 0,95% para 0,38%.
Alíquota diária foi mantida em 0,0082%, o dobro do que era antes (0,0041%).
No caso dos aportes em VGBL, o IOF passará a incidir apenas sobre valores que excedam R$ 300 mil a partir de 2025, e sobre valores acima de R$ 600 mil a partir de 2026, em uma mesma seguradora.
Apesar do recuo parcial, parlamentares consideraram insuficiente a redução no decreto e mantiveram a mobilização para suspender integralmente os efeitos da medida.
Ao todo, desde o anúncio do aumento do IOF em maio, já foram protocoladas 37 propostas na Câmara e cinco no Senado para barrar o decreto.
Com a urgência aprovada, o projeto que derruba o decreto poderá ser pautado a qualquer momento no plenário. Caso seja aprovado, representa não só um revés fiscal para o governo, que contava com uma arrecadação extra de R$ 7 bilhões só em 2025, mas também um sinal claro de desgaste político do Palácio do Planalto com sua própria base.
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