Política / Justiça
Ex-comandante da Aeronáutica reafirma apoio da Marinha em tentativa de golpe e detalha reuniões com Bolsonaro
Carlos Baptista Junior disse ao STF que Almir Garnier colocou tropas da Marinha à disposição do ex-presidente; Força Aérea teria recusado participação em ruptura institucional
21/05/2025
11:45
DA REDAÇÃO
Ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Baptista Junior ©Roque de Sá/Agência Senado
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21), e revelou novos detalhes sobre reuniões ocorridas em novembro de 2022 com o então presidente Jair Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas. O conteúdo confirma que o almirante Almir Garnier, então chefe da Marinha, teria se colocado à disposição de Bolsonaro para uma tentativa de golpe de Estado.
“O almirante Garnier não estava na mesma sintonia que o general Freire Gomes. Em uma dessas reuniões, ele chegou a afirmar que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, relatou Baptista Junior.
Segundo o ex-comandante da Aeronáutica, Bolsonaro e seus auxiliares estavam discutindo o uso de GLO, Estado de Defesa e até Estado de Sítio, alegando "crise institucional" no país. Com o tempo, teria ficado claro que a real intenção era impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Baptista Junior também relatou que o então comandante do Exército, general Freire Gomes, teria afirmado que, caso Bolsonaro decretasse uma GLO com esse objetivo, poderia prendê-lo:
“Ele não falou com agressividade, mas foi direto: ‘Se o senhor fizer isso, vou ter que te prender’”.
Em outro momento crucial, o então ministro da Defesa, Paulo Sergio Oliveira, apresentou um documento com propostas golpistas, incluindo novas eleições e a prisão de autoridades.
“O ministro Paulo Sergio disse ‘trouxe aqui um documento para vocês’. Perguntei se previa impedir a posse de Lula. Quando ele disse que sim, eu falei: ‘Não admito sequer receber esse documento. Não ficarei aqui’”, declarou o ex-comandante.
Baptista Junior revelou que em reuniões entre os dias 1º e 14 de novembro de 2022, houve um “brainstorm” sobre a prisão de autoridades, incluindo o então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.
“Lembro que se falou em prender o presidente do TSE. E aí alguém disse: ‘Mas o STF vai soltar. Vai prender o STF todo?’”, contou, sem identificar o autor da frase.
Outro episódio citado por Baptista Junior ocorreu em uma formatura do ITA, quando ele teria dado uma carona ao general Augusto Heleno (chefe do GSI) de São José dos Campos a Brasília. Durante o voo, deixou claro que a FAB não participaria de golpe.
“Eu falei: ‘General, nós nunca conversamos sobre esse assunto. Mas o Brasil está num clima estranho. Preciso que saiba que eu e a Força Aérea não vamos apoiar uma ruptura institucional’”.
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