Política / Justiça
Ex-comandante da Aeronáutica diz que alertou Bolsonaro sobre inexistência de fraude nas urnas
Carlos Baptista Junior relatou ao STF que avisou o então presidente sobre erros no relatório usado para contestar o resultado das eleições
21/05/2025
11:30
DA REDAÇÃO
Jair Bolsonaro ©Antonio Augusto/STF
O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (21) que alertou Jair Bolsonaro (PL), ainda no cargo de presidente da República, sobre a inexistência de fraudes nas urnas eletrônicas e sobre erros técnicos no relatório do Instituto Voto Legal (IVL), usado pelo PL para pedir a anulação de votos após o segundo turno das eleições de 2022.
A declaração foi prestada no âmbito do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado, no qual Bolsonaro é réu, ao lado do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-ministro da Defesa Paulo Sergio Oliveira. O depoimento de Baptista Junior foi convocado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos acusados.
Segundo Baptista Junior, em 9 de novembro de 2022, ele participou de uma reunião com Bolsonaro, na qual foi apresentado o relatório do IVL. O ex-comandante disse ter alertado pessoalmente:
“Eu falei: presidente, esse relatório está muito mal escrito. Ele contém erros na identificação das urnas”.
Na mesma ocasião, o então presidente colocou o presidente do IVL, Carlos Rocha, ao telefone com Baptista Junior, que voltou a destacar as falhas técnicas do documento e reforçou que não havia qualquer evidência de fraudes no sistema eleitoral brasileiro.
Baptista Junior também relatou outro episódio: o assessor de Bolsonaro, coronel Marcelo Câmara, procurou diretamente o coronel Wagner Oliveira da Silva, membro da Comissão de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação (criada pelo TSE e que contava com representantes das Forças Armadas), para discutir supostas fraudes nas urnas.
O ex-comandante considerou essa abordagem uma quebra da cadeia de comando e solicitou ao então ministro da Defesa, Paulo Sergio, que advertisse o presidente Bolsonaro sobre o comportamento inadequado de seu auxiliar.
“Diversas teses criadas dentro da Presidência da República sobre irregularidades nas eleições já haviam sido rechaçadas pelas próprias Forças Armadas”, afirmou.
Baptista Junior é uma das testemunhas centrais na ação penal sobre a tentativa de golpe, que tramita no STF sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O processo reúne provas colhidas em investigações da Polícia Federal, incluindo depoimentos, mensagens interceptadas e documentos produzidos por aliados de Bolsonaro para contestar o resultado da eleição.
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