EMPREGOS
Sem mão de obra, consórcio contrata venezuelanos para o transporte coletivo
Iniciativa humanitária busca suprir escassez de motoristas qualificados e promover diversidade na economia local
17/01/2025
13:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Com a escassez de mão de obra qualificada no setor de transporte coletivo, o Consórcio Guaicurus lançou uma iniciativa para contratar motoristas venezuelanos. A medida, que surge em meio a dificuldades no recrutamento de profissionais brasileiros, faz parte de um esforço para preencher vagas e garantir a continuidade do serviço na cidade.
Segundo declarações do ex-diretor-presidente João Rezende, a falta de profissionais qualificados não se restringe apenas à cidade de Campo Grande, mas é um problema que permeia todo o Brasil. “Falta pedreiro, eletricista, motorista no Brasil inteiro e aqui também estamos com esse desafio”, destacou Rezende em seu último dia à frente da presidência do consórcio, em 7 de janeiro.
Diante dessa realidade, o ex-presidente mencionou a perspectiva de contratar venezuelanos cadastrados pela Operação Acolhida, liderada pelo Exército Brasileiro em parceria com a Delegacia do Trabalho. O consórcio planeja explorar essa parceria, indo a locais como Boa Vista, em Roraima, para recrutar refugiados venezuelanos que buscam novas oportunidades profissionais.
Em comunicado oficial, o Consórcio Guaicurus enfatizou que a contratação de refugiados vai além da necessidade operacional. A inclusão de venezuelanos no quadro de colaboradores busca promover valores humanitários e a responsabilidade social da empresa, reforçando seu papel na acolhida e integração desses profissionais. O processo de seleção é apoiado por organizações especializadas que garantem a conformidade com as normas legais, além de oferecer suporte para a adaptação cultural e profissional dos novos contratados.
O comunicado destaca ainda que a iniciativa fortalecerá a economia local, promoverá a diversidade e o respeito às diferenças, além de demonstrar solidariedade e colaboração entre empresas e entidades na busca por soluções para problemas sociais e econômicos.
Por outro lado, grupos formados por (ex)empregados do consórcio, como o "Ligados no Transporte", criticaram a estratégia empresarial. Eles afirmam que a decisão de contratar estrangeiros é consequência da perda de motoristas locais para outras oportunidades, como o mercado de fretamento impulsionado pela instalação da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo. O grupo alega que a falta de investimento em valorização e capacitação dos trabalhadores locais contribuiu para o problema.
Segundo membros do grupo, a empresa deveria focar em treinar e capacitar novos motoristas da região, oferecendo cursos para habilitação na categoria D e especializações em transporte coletivo, em vez de buscar mão de obra fora do país. Além disso, criticam o programa do governo estadual, o Voucher Transportador, que direciona profissionais para outras empresas sem suprir a demanda interna do consórcio.
O consórcio destacou que oferece condições atrativas para os novos motoristas venezuelanos, incluindo alojamento, passagens e um total de 150 vagas disponíveis. Essa abordagem visa não só suprir a demanda imediata por profissionais, mas também promover a integração social e econômica dos refugiados na comunidade local.
Enquanto a contratação de venezuelanos pode aliviar temporariamente a falta de motoristas, o debate segue em torno das melhores práticas para garantir a sustentabilidade do setor a longo prazo. A perspectiva de investir na formação de trabalhadores locais e valorizar os profissionais já empregados é citada como uma alternativa importante para construir uma solução mais duradoura, beneficiando tanto a economia regional quanto a estabilidade do serviço de transporte coletivo.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
STF mantém restrições e Bolsonaro vê viagem aos EUA negada novamente
Leia Mais
Haddad reitera que não será candidato nas eleições de 2026
Leia Mais
Em MS, 4,8 mil vagas são oferecidas no Sisu
Leia Mais
Após governador de SC dizer que Bolsonaro e Valdemar conversam com frequência, Moraes ordena depoimento
Municípios