Campo Grande (MS), Quarta-feira, 15 de Janeiro de 2025

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Estuprada por 72 homens a mando do marido, Giséle fala pela primeira vez em tribunal

Caso chocante começou a ser julgado na França; 51 suspeitos já foram identificados

05/09/2024

13:15

NAOM

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Em um caso que choca pela crueldade e pelo número de envolvidos, Giséle P., uma mulher francesa, falou pela primeira vez sobre os horrores que enfrentou, sendo vítima de estupros múltiplos orquestrados por seu próprio marido, Dominique P. O julgamento, iniciado na última segunda-feira, está revelando detalhes perturbadores sobre o esquema de abusos que se estendeu por anos, com Giséle sendo drogada e estuprada por até 72 homens enquanto estava inconsciente. Até o momento, 51 suspeitos foram identificados pela polícia. Os fatos ocorreram na cidade de Mazan, uma vila de aproximadamente 6.000 habitantes, localizada a cerca de 32 quilômetros de Avignon, na região da Provença, França.

Declaração chocante de Giséle

Ao se pronunciar pela primeira vez, Giséle lamentou a falta de intervenções que poderiam ter salvado sua vida. “Um telefonema anônimo poderia ter salvado minha vida. Nem um, nem um”, declarou a vítima em tribunal. Durante anos, Dominique dopava sua esposa com tranquilizantes, permitindo que estranhos entrassem em sua casa para estuprá-la enquanto ela estava inconsciente. Esses abusos, meticulosamente organizados pelo marido através de grupos de conversa online, eram também gravados em vídeo.

Giséle revelou que os homens seguiam regras estritas, impostas por Dominique, para garantir que ela não percebesse os abusos. “Estupraram-me de forma tranquila, sem armas, sem violência física aparente. Mas estupraram-me”, disse Giséle, visivelmente abalada ao descrever as imagens que assistiu, em que ela aparecia em posição fetal e inerte. “Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Estou inconsciente”, afirmou, rebatendo qualquer sugestão de envolvimento consensual.

Uma vida destruída pela traição

Dominique e Giséle se conheceram em 1971 e se casaram dois anos depois, formando uma família com três filhos. Os abusos começaram em 2011, quando a família vivia em Paris, e Dominique passou a recrutar estranhos pela internet para estuprar sua esposa. Giséle relatou que, embora o marido tivesse sugerido práticas como swing (troca de casais), ela sempre recusou. No entanto, ela jamais imaginou que Dominique, a quem descrevia como uma “ótima pessoa”, pudesse traí-la dessa forma.

A descoberta do esquema ocorreu em setembro de 2020, quando Dominique foi pego filmando por baixo da saia de mulheres em um shopping. Esse incidente levou a uma investigação mais aprofundada, que revelou dezenas de vídeos e fotos documentando os estupros cometidos contra Giséle, todos na casa do casal, em Mazan, uma vila na região da Provença. A polícia encontrou evidências em conversas online no site coco.fr, onde Dominique recrutava os homens para os abusos. O site foi posteriormente fechado pela polícia.

Confissão e julgamento

Durante a investigação, Dominique confessou que utilizava o tranquilizante Temesta, um medicamento usado para tratar ansiedade, para sedar sua esposa antes dos estupros. Ele também estabelecia uma série de regras para os agressores, como evitar qualquer comportamento que pudesse acordá-la e garantir que não deixassem vestígios.

Entre os suspeitos estão bombeiros, empresários e jornalistas, mostrando a amplitude dos envolvidos no esquema. Dominique P. já admitiu que suas ações foram "inaceitáveis", mas o julgamento, que deve se estender até dezembro, revelará mais detalhes sobre a responsabilidade de cada um dos envolvidos.

Impacto psicológico e busca por justiça

Giséle descreveu sua vida após os crimes como um “campo de ruínas”, apesar de tentar manter uma aparência forte. Agora, sua luta é por justiça e para que todos os responsáveis assumam a responsabilidade por suas ações. “Assumam a responsabilidade pelos seus atos, pelo menos uma vez na vida”, disse ela, destacando que não aceitará menos do que isso.

O caso continua sendo investigado, e o tribunal busca entender a extensão da rede de abusos organizada por Dominique e os envolvidos. O julgamento também traz à tona questões sobre a impunidade e a falta de intervenções para salvar Giséle dos horrores que viveu por tantos anos.


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