POLÍTICA
Hospital Municipal: Câmara retira de pauta projeto autorizando empréstimo de R$ 270 milhões
14/08/2024
18:55
ASSECOM
©DIVULGAÇÃO
O presidente da Câmara Municipal, vereador Carlos Augusto Borges (PSB), retirou de pauta projeto de lei (veja aqui) que autoriza a prefeita Adriane Lopes (PP) a realizar operação de crédito no valor de R$ 270 milhões para a viabilização da construção do Hospital Municipal de Campo Grande.
A suspensão da tramitação será mantida ao menos até a próxima semana, pois nesta sexta-feira (16) o tema será discutido em audiência pública convocada pela Comissão de Saúde da Casa, conforme informou o vereador Victor Rocha.
Irão se manifestar membros do Conselho Municipal de Saúde (CMS), técnicos da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) e integrantes do Conselho de Usuários do SUS, além de outras autoridades, podendo ainda a audiência formular perguntas.
O projeto foi enviado à Câmara Municipal no início deste mês, por meio do qual Adriane Lopes pediu autorização para a realização de operação de crédito no valor de R$ 268,6 milhões.
Na justificativa, o projeto traz a informação de os recursos serão utilizados na “contratação de pessoa jurídica para a construção do Hospital Municipal e aquisição de mobiliários na modelagem built to suit – locação sob demanda”.
O projeto a ser elaborado pela iniciativa privada deve obrigatoriamente obedecer as orientações do município, observando-se as peculiaridades de qualquer empreendimento com destinação final hospitalar.
Na exposição de motivos, R$ 10.568.020,79 estão destinados à contratação de serviços de elaboração dos projetos arquitetônicos e complementares; R$ 211.3609.415,80 às obras e instalações; e R$ 57.287.618,26 à aquisição de equipamentos e mobiliário.
O complexo hospitalar será construído no Bairro Chácara Cachoeira, em área nobre da cidade, em terreno de propriedade da prefeitura.
Contradição
A realização da operação de crédito chamou a atenção dos vereadores por contrariar o anúncio feito pela prefeita de que o complexo hospitalar seria construído pela iniciativa privada, pelo sistema built to suit, a custo zero para o município.
Por esse modelo, a prefeitura só começaria a desembolsar recursos ao final da construção, com o pagamento de aluguel do prédio após este ser entregue à gestão municipal, totalmente equipado e em plenas condições de uso.
Contrato de R$ 1,2 bilhão
Por ocasião do anúncio do lançamento do projeto do hospital, Adriane Lopes informou que o valor inicial do aluguel mensal será de R$ 5 milhões, pelo prazo de 20 anos.
Ao final desse período, portanto, seriam desembolsados pelo menos R$ 1,2 bilhão – não computados os reajustes no valor do aluguel ao longo dos anos.
Uma vez encerrado o contrato, daqui a 20 anos, toda a estrutura física, incluindo equipamentos, passaria a integrar o patrimônio do município.
O processo de licitação já está em andamento e o prazo final para que as empresas interessadas apresentem propostas se encerra em 27 de setembro.
Surpresa
Informados a respeito da entrada do projeto na Câmara Municipal, os vereadores, em sua maioria, foram surpreendidos, pois em nenhum momento a prefeita aventou a possibilidade de o município aportar recursos ao empreendimento.
Além disso, Adriane Lopes requereu ao presidente do Legislativo que o projeto tramitasse em regime de urgência, sem passar pelas comissões temáticas da Casa e sem maiores discussões.
Vereadores ouvidos pelo Vox MS consideram bastante remota a tramitação em regime de urgência. Para que isso ocorra, são necessárias 20 assinaturas.
Caso seja alcançado esse número, o presidente Carlos Borges tem 48 horas para pautar a matéria e, ao final, para ser aprovada precisa ter o voto favorável de 21 dos 29 vereadores.
Comissão formada por 11 vereadores com a incumbência específica de analisar o projeto do hospital, até agora não receberam nenhuma informação ou documento oficial da prefeitura sobre o empreendimento.
Capacidade financeira
Além disso, os vereadores questionam a capacidade da prefeitura de suportar o pagamento do empréstimo. “Temos que levar em conta as condições financeiras e fiscais da prefeitura, que se encontram em estado de miséria”, disse a vereadora Luiza Ribeiro (PT).
Ela lembrou que a prefeitura de Campo grande tem nota C na análise da capacidade de pagamento (Capag), índice do Tesouro Nacional que apura a situação fiscal dos governos estaduais e prefeituras.
Para obter o empréstimo com aval da União, a prefeitura teria de ter nota A+, A ou B. E sem o aval, os juros e os custos do financiamento serão mais elevados do que a média normal em se tratando de ente público.
O que diz a prefeitura
Provocada a se manifestar, a prefeitura garantiu que não haverá custo algum ao município e informou ainda que “por se tratar de obrigações futuras que extrapolam o princípio da anualidade da lei orçamentária, se faz necessária essa autorização de recursos”.
Porém, garantiu que “esses recursos só serão utilizados após a entrega da construção pronta e equipada, com previsão para 2026”.
Mais adiante, informou que “a construção do hospital estava prevista no plano Plurianual (PPA) do município com previsão feita a mais de 10 anos, só não foi executada por não ter autorização do Conselho Municipal de Saúde”.
Na verdade, o PPA no qual está prevista a construção foi aprovado em 2021 pela Câmara. O então prefeito Marcos Trad vetou o projeto e a Câmara derrubou o veto, publicando o PPA final no Diário Oficial de 17 de março de 2022 – Lei 6.767, de 29 de dezembro de 2021.
O PPA aprovado há mais de 10 anos já caducou. Na semana passada, o Conselho Municipal de Saúde se posicionou contra a construção do Hospital no Bairro Chácara Cachoeira. ( Fonte Vox MS)
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Resultados da Loteria: +Milionária pode pagar R$ 38,5 milhões em sorteios deste sábado
Leia Mais
Tiroteio em Campo de Futebol na Fronteira deixa três mortos e dois Feridos
Leia Mais
Reforma tributária zera impostos sobre cesta básica, mas preços podem ser influenciados por outros fatores
Leia Mais
Prédios abandonados no Jardim Santa Luzia serão revitalizados para geração de empregos
Municípios