Saúde / Bem-Estar
Modo de vida ocidental estimula o acúmulo de gordura no fígado
Doença silenciosa avança rapidamente e é diagnosticada, em muitos casos, apenas quando há danos hepáticos graves
19/10/2025
15:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
Cansaço frequente, inchaço após as refeições, desconforto abdominal e perda de foco podem ser sinais de que o fígado está sobrecarregado. Esses sintomas, muitas vezes atribuídos ao estresse ou à má alimentação, podem indicar o início de uma esteato-hepatite não alcoólica (EHNA) — inflamação hepática causada pelo acúmulo de gordura no órgão.
A condição, considerada uma epidemia silenciosa, tem se tornado cada vez mais comum no mundo inteiro, impulsionada pelo estilo de vida ocidental, marcado por alimentação calórica, sedentarismo e alto consumo de açúcar e gorduras saturadas.
A EHNA é a forma inflamatória e mais grave da doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA). Ela ocorre quando a gordura se acumula nas células do fígado, provocando inflamação crônica e morte celular.
Com o tempo, o fígado tenta se regenerar, mas substitui as células saudáveis por tecido fibroso, num processo conhecido como fibrogênese. O resultado é a formação de cicatrizes que prejudicam a circulação e reduzem a capacidade funcional do órgão.
Nos estágios mais avançados, a doença pode evoluir para cirrose, insuficiência hepática ou até câncer de fígado.
O grande desafio da EHNA é o diagnóstico tardio. A maioria dos pacientes só descobre a doença em exames de rotina, quando os valores hepáticos (TGO, TGP, GGT) já estão elevados.
Exames de imagem, como ultrassonografia e Fibroscan, ajudam a avaliar o tamanho e a rigidez do fígado, indicando o grau de fibrose. O diagnóstico definitivo é feito por biópsia hepática, quando há suspeita de inflamação significativa.
Os primeiros sintomas — como fadiga, desconforto abdominal e ganho de peso sem explicação — são facilmente confundidos com problemas digestivos ou de rotina.
A doença está fortemente associada a sobrepeso, obesidade, diabetes tipo 2 e hipertensão arterial.
Estudos indicam que 70% a 80% dos pacientes com EHNA têm obesidade, e a prevalência aumenta entre pessoas com resistência à insulina ou altos níveis de triglicerídeos e colesterol.
Além disso, pessoas magras porém sedentárias, com alto percentual de gordura corporal e histórico familiar de doença hepática, também podem desenvolver o problema.
O risco é maior entre homens de meia-idade e moradores de áreas urbanas, onde predominam hábitos alimentares ocidentais e rotinas de pouca atividade física.
A EHNA já é considerada uma epidemia metabólica mundial.
Nos Estados Unidos, afeta entre 9 e 15 milhões de pessoas.
Na Índia, o índice chega a 38% da população.
Na América Latina, mais de 12% dos adultos apresentam algum grau de gordura hepática.
O aumento da obesidade e do diabetes tem pressionado os sistemas de saúde e ampliado a preocupação com o avanço da doença.
Atualmente, não há medicamento específico aprovado para tratar a EHNA. O tratamento baseia-se em mudanças de estilo de vida, que podem até reverter o quadro nos estágios iniciais:
Perda de peso gradual (7% a 10% do peso corporal);
Dieta rica em fibras, frutas e vegetais;
Redução do consumo de açúcar, álcool e gordura saturada;
Prática regular de exercícios (caminhadas, treinos leves e resistência muscular).
Protocolos alimentares como o jejum intermitente ou a dieta 5:2 — em que se restringe a ingestão calórica dois dias por semana — mostram resultados promissores na redução da inflamação hepática e melhora dos marcadores metabólicos.
A esteato-hepatite metabólica reflete o impacto direto do modo de vida moderno sobre a saúde. Detectá-la precocemente é fundamental para evitar complicações graves.
Com alimentação equilibrada, atividade física regular e acompanhamento médico, é possível interromper a progressão da doença e preservar a saúde do fígado — órgão essencial para a desintoxicação, digestão e equilíbrio metabólico do corpo.
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