Campo Grande (MS), Sábado, 27 de Setembro de 2025

Política

Trump e COP30: Lula volta da ONU com vitória diplomática, mas enfrenta novos desafios

Presidente brasileiro abriu diálogo com governo Trump e tenta evitar esvaziamento da Conferência do Clima em Belém

27/09/2025

09:00

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou ao Brasil após sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com o que considera uma vitória política: a abertura de diálogo com o governo de Donald Trump. O gesto, tratado como avanço pelo Itamaraty, ocorre em meio a tensões bilaterais e críticas de autoridades norte-americanas ao Brasil.

Agora, Lula encara dois desafios estratégicos: transformar o aceno de Trump em negociação concreta e evitar que a COP30, que será realizada em Belém (PA), em novembro de 2025, se torne um fiasco marcado por baixa adesão internacional.

O encontro com Trump

Durante o evento da ONU, Trump surpreendeu ao mencionar publicamente o contato com Lula, relatando um abraço e rápida conversa de cerca de 20 segundos.

“Ele parece um homem muito agradável, eu gosto dele e ele gosta de mim. Tivemos uma química excelente”, declarou Trump em seu discurso, sinalizando abertura para um encontro mais longo.

Apesar do gesto, o republicano reforçou críticas ao Brasil, afirmando que a relação entre os países tem sido “negativa para os EUA”. Ainda assim, diplomatas brasileiros avaliam o episódio como uma vitória, especialmente diante da inclusão de nomes ligados ao governo, como Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, na Lei Magnitsky, e da suspensão de vistos de autoridades brasileiras por Washington.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que a próxima reunião entre Lula e Trump deve ocorrer de forma remota, mas o presidente brasileiro não descartou um encontro presencial.

O desafio da COP30 em Belém

Além da pauta bilateral, Lula dedicou parte da agenda em Nova York à preparação da COP30, considerada por ele a “COP da verdade”. O presidente anunciou que o Brasil será o primeiro país a aportar US$ 1 bilhão no Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), a ser lançado durante o evento.

No entanto, a realização da conferência enfrenta sérios entraves logísticos. A falta de hospedagem em Belém e os preços inflacionados na rede hoteleira têm levado governos estrangeiros a planejarem delegações mais enxutas, levantando temores de esvaziamento do encontro climático.

Trump e o negacionismo climático

A presença de Trump na Casa Branca também representa um obstáculo. O republicano retirou novamente os EUA do Acordo de Paris, promoveu políticas de expansão do petróleo e chegou a chamar as mudanças climáticas de “fraude” e “o maior golpe já perpetrado no mundo” em seu discurso na ONU.

Lula, por sua vez, reforçou que o evento no Pará será um teste de fogo para o multilateralismo. Ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que o mundo enfrenta “o negacionismo climático e do multilateralismo” e que o Brasil pretende liderar a mobilização global.

O presidente tem usado reuniões bilaterais para ampliar convites à COP30. Já confirmou a presença da presidente do Peru, Dina Boluarte, e sinalizou que pretende reforçar o convite a Donald Trump caso o encontro entre ambos se concretize.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Jornal do Estado MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: