Economia / Comércio Exterior
Tarifaço de Trump entra em vigor e atinge 36% das exportações brasileiras aos EUA
Brasil promete reação com plano de contingência e Lula alerta: “Não seremos tratados como uma republiqueta”
06/08/2025
06:45
DA REDAÇÃO
Porto de Santos
A partir desta quarta-feira (6), entram em vigor as tarifas de 50% sobre parte das exportações brasileiras aos Estados Unidos, conforme decreto assinado na semana passada pelo presidente Donald Trump. A medida atinge 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o que representa cerca de 4% das exportações totais do Brasil.
O impacto imediato é sentido em produtos como café, frutas e carnes, que agora enfrentam a nova sobretaxa. Em contrapartida, cerca de 700 produtos foram poupados, incluindo aeronaves civis, peças e motores, polpa e suco de laranja, minérios, fertilizantes, celulose, metais preciosos, combustíveis e produtos energéticos.
Do comércio à geopolítica: retaliação e disputa de hegemonia
Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o tarifaço é interpretado como uma manobra política e econômica para atingir o Brics — bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e conter o avanço da proposta de substituição do dólar em trocas comerciais internacionais.
A elevação da tarifa contra o Brasil, de 10% para 50%, foi anunciada no início de julho como retaliação indireta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e também em protesto contra medidas brasileiras que afetariam o desempenho de big techs norte-americanas.
🇧🇷 Lula critica tratamento e reafirma soberania brasileira
Durante pronunciamento feito no domingo (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repudiou a postura dos EUA e alertou:
“O Brasil não pode ser tratado como uma republiqueta. Nós queremos diálogo, mas não abriremos mão de usar moedas alternativas ao dólar.”
Lula reforçou que o país buscará alternativas diplomáticas e comerciais para contornar o impacto das tarifas.
Plano de contingência e apoio às empresas brasileiras
O governo brasileiro anunciou um plano de contingência com ações emergenciais para mitigar os efeitos sobre os exportadores atingidos. Entre as medidas previstas estão:
Linhas de crédito emergencial
Incentivo à substituição de contratos por compras governamentais
Estímulo à diversificação de mercados
Negociações em curso: minerais críticos e café na pauta
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que as negociações com os EUA já começaram e destacou a possibilidade de cooperação envolvendo terras raras e minerais críticos, insumos estratégicos para a indústria tecnológica.
“Os EUA não são ricos nesses minerais. Podemos cooperar e produzir baterias mais eficientes”, afirmou Haddad.
Além disso, o setor cafeeiro pode se beneficiar de uma negociação específica, com chances de exclusão do café da lista tarifada. No mesmo dia da assinatura do tarifaço por Trump, a China habilitou 183 empresas brasileiras para exportar café ao país asiático — o que amplia o leque de oportunidades para o agronegócio brasileiro.
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