Economia / Relações Internacionais
Brasil corre contra o tempo para responder ao tarifaço dos EUA e tenta conter impacto sobre mais de 10 mil empresas
Sem canal direto com Trump, governo Lula prepara plano emergencial, denuncia medida na OMC e considera retaliações comerciais
28/07/2025
07:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Com a entrada em vigor das novas tarifas dos Estados Unidos prevista para esta sexta-feira (1º de agosto), o governo brasileiro vive uma semana decisiva. Diante da falta de avanços nas negociações diplomáticas com a gestão de Donald Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a elaboração urgente de um plano de contingência econômico para conter os danos à indústria nacional e preservar empregos.
As tarifas, de até 50% sobre produtos brasileiros, atingem mais de 10 mil empresas de diferentes setores — especialmente pequenos exportadores, que enfrentam mais dificuldades para redirecionar suas vendas no curto prazo. A medida americana já provoca instabilidade na cadeia logística, com portos e aeroportos em alerta diante da incerteza sobre o destino de remessas.
Apesar da atuação diplomática liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que chegou a conversar com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, o Brasil ainda não conseguiu abrir canal direto com Trump. Fontes do governo afirmam que não há previsão de encontro ou ligação entre Lula e o presidente norte-americano.
Diante da escalada, o Itamaraty formalizou denúncia na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação de normas comerciais e da soberania econômica brasileira. Segundo a Bloomberg, a Casa Branca já avalia editar uma nova declaração de emergência comercial para respaldar juridicamente as tarifas, como fez em medidas anteriores com Japão e União Europeia.
A equipe econômica pretende apresentar até quarta-feira (30) um pacote de resposta coordenada para aprovação do presidente Lula. Entre as medidas previstas estão:
Linhas de crédito com juros subsidiados para empresas afetadas;
Compras públicas de produtos prejudicados pelas tarifas;
Criação de um fundo privado emergencial com apoio do BNDES;
Contrapartidas sociais obrigatórias, como a manutenção de empregos.
O plano será coordenado por Alckmin e terá atualizações semanais com o setor produtivo, que acompanha com apreensão os desdobramentos da crise.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o plano técnico já está pronto, mas agora depende de decisão política do Palácio do Planalto. Em entrevista à Rádio Itatiaia, ele responsabilizou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo por sabotar as negociações diplomáticas com Washington.
“Saiam do caminho, desobstruam a mesa de negociação. Vocês perderam a eleição. Deixem o governo trabalhar”, disparou Haddad.
No domingo (27), Donald Trump anunciou acordo comercial com a União Europeia, reduzindo as tarifas para 15% sobre produtos europeus — abaixo dos 30% inicialmente previstos para o Brasil. O pacto foi assinado com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, em Turnberry, na Escócia.
O modelo segue o padrão do acordo EUA–Japão, também com tarifas fixadas em 15%. A diferença no tratamento comercial gerou críticas no Itamaraty e reforçou a percepção de que o Brasil foi alvo de sanção política em decorrência do julgamento de Jair Bolsonaro no STF.
O presidente Lula afirmou que responderá com “reciprocidade” caso o tarifaço se concretize. No entanto, evitou anunciar qualquer medida antes da entrada em vigor das tarifas. A expectativa é que retaliações sejam avaliadas com base no impacto concreto sobre exportações, empregos e setores estratégicos.
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