Política
Tarcísio vira alvo após tarifa de Trump e admite prejuízo para economia paulista
Governador reforça elo com Bolsonaro e é criticado por ministros de Lula por “vassalagem” a interesses estrangeiros
11/07/2025
09:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), passou a ser um dos principais alvos no embate político gerado após a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Embora tenha admitido que a medida é prejudicial à economia paulista, o governador atribuiu a responsabilidade ao governo Lula e manteve o alinhamento com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado”, escreveu Tarcísio nas redes sociais. “Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de quem governa.”
São Paulo foi o estado que mais exportou para os EUA em 2024, com um total de US$ 13,8 bilhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Entre os principais prejudicados, está a indústria aeronáutica, com destaque para a Embraer.
As declarações do governador motivaram reação imediata do governo federal. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), acusou Tarcísio de “vassalagem” aos interesses americanos:
“Ou uma pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo, e não há espaço no Brasil para vassalagem.”
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, também criticou o governador por não defender os interesses do próprio estado:
“Quem valoriza São Paulo não apoia medidas absurdas, ilegais e imorais impostas por estrangeiros”, escreveu no X.
Tarcísio viajou a Brasília na quinta-feira (10) e se reuniu com Jair Bolsonaro, divulgando vídeo ao lado do ex-presidente com a legenda: “Sempre bom estar ao seu lado, presidente”.
Apesar de não ter defendido explicitamente a tarifa, o governador tem feito acenos constantes ao bolsonarismo, como uso do boné “Make America Great Again”, apoio à anistia aos condenados do 8 de Janeiro, e endosso público à fala de Trump sobre os processos judiciais contra Bolsonaro serem “perseguição”.
Levantamento da AP Exata, com base em 260 mil publicações em redes sociais, mostrou que 59% das menções criticaram a tarifa de Trump e cobraram reação do Brasil, enquanto apenas 22% defenderam a medida.
A estratégia do governo Lula é vincular o tarifaço ao grupo bolsonarista e desgastar seus possíveis herdeiros políticos, como Tarcísio. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que atua nos EUA, chegou a agradecer a Trump pela medida em post nas redes.
Governadores Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, também responsabilizaram o presidente Lula pela crise diplomática com os EUA. Zema afirmou que a tarifa é resultado da “censura e perseguição” promovidas pelo governo. Já Caiado comparou a postura do petista à de Hugo Chávez na Venezuela.
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