Política / Economia
Haddad critica setor das apostas: “Ganham fortuna, geram pouco emprego e mandam dinheiro para fora”
Ministro defende aumento de impostos sobre casas de apostas e compara setor a cigarro e bebidas alcoólicas
09/07/2025
08:45
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira (8) que o setor das casas de apostas virtuais, conhecidas como bets, precisa ser enquadrado com maior rigor tributário. Em entrevista ao portal Metrópoles, o ministro defendeu que as empresas do ramo sejam tratadas como indústrias de produtos nocivos, a exemplo do cigarro e da bebida alcoólica.
“Os caras estão ganhando uma fortuna no Brasil, gerando muito pouco emprego, mandando para fora o dinheiro arrecadado aqui, e que vantagem a gente leva?”, questionou Haddad.
O setor operou sem pagar impostos no Brasil entre 2018 e 2023, período que compreende a legalização das apostas até a sanção do marco regulatório no ano passado. Segundo o ministro, o objetivo agora é corrigir distorções e combater privilégios fiscais.
“Tem que tratar bet na linha do cigarro, da bebida. É uma coisa difícil de administrar. Quando proíbe, piora. Mas agora tem que enquadrar esse setor de uma vez por todas.”
O Ministério da Fazenda enviou recentemente ao Congresso uma medida provisória que aumenta de 12% para 18% a tributação sobre a arrecadação líquida das apostas (valor bruto arrecadado menos os prêmios pagos). A MP já tem efeito de lei, mas precisa ser aprovada pelo Legislativo para continuar válida.
A pasta argumenta que, até então, a carga tributária sobre as bets era muito inferior à de outros setores econômicos, o que desequilibrava a justiça tributária e reduzia o potencial de arrecadação da União.
Haddad também comentou sobre a tensão entre o Executivo e o Congresso após a derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Ele afirmou que pretende se reunir nesta semana com o novo presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB).
“Não tenho o direito de ter relações estremecidas com o presidente da Câmara. O Brasil depende da boa condução dos trabalhos dele. Nenhum dos dois quer briga.”
O ministro destacou que aguardará a reunião de conciliação convocada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, marcada para o próximo dia 15, antes de anunciar medidas compensatórias para uma possível perda de arrecadação com o IOF.
Apesar das dificuldades políticas, Haddad acredita que o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais será aprovado com ampla maioria.
“Acredito que o deputado Arthur Lira [relator do projeto] já tenha formado seu juízo a respeito.”
Por fim, o ministro reforçou o compromisso com o superávit fiscal e defendeu a redistribuição da carga tributária, com foco no 1% mais rico da população:
“O ajuste fiscal necessário não pode recair só sobre os pobres. O 1% tem que reconhecer que chegou o momento.”
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Moraes determina monitoramento integral de Jair Bolsonaro por risco de fuga
Leia Mais
“Careca do INSS” pedirá habeas corpus ao STF para ficar em silêncio na CPMI
Leia Mais
Aposta do Rio de Janeiro leva sozinha prêmio de R$ 33,7 milhões da Mega-Sena
Leia Mais
PT oficializa saída do governo Riedel e entrega todos os cargos em Mato Grosso do Sul
Municípios