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Morre Nana Caymmi aos 84 anos, uma das maiores vozes da música brasileira
Filha de Dorival Caymmi, a cantora estava internada desde julho de 2023 e faleceu no Rio de Janeiro devido à disfunção de múltiplos órgãos
01/05/2025
18:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A música brasileira perdeu uma de suas vozes mais marcantes nesta quinta-feira (1º). Nana Caymmi, ícone da MPB e filha do compositor Dorival Caymmi, faleceu aos 84 anos, no Rio de Janeiro, após nove meses internada na Casa de Saúde São José, no Humaitá, onde tratava uma arritmia cardíaca. A causa da morte foi disfunção de múltiplos órgãos, segundo boletim médico divulgado pela unidade hospitalar.
Nascida Dinahir Tostes Caymmi em 29 de abril de 1941, no Rio, Nana completou 84 anos dois dias antes de sua partida. Criada em uma família de músicos, era irmã dos também artistas Dori e Danilo Caymmi.
“Estamos todos realmente muito tristes, mas ela passou nove meses de sofrimento intenso dentro de hospital”, lamentou o irmão, Danilo Caymmi.
Com uma voz densa e inconfundível, Nana Caymmi construiu uma discografia marcada por coerência, dramaticidade e sofisticação. Estreou ainda adolescente ao lado do pai, e eternizou a canção de ninar “Acalanto”, escrita por Dorival quando ela ainda era bebê. Sua interpretação sensível e profunda conquistou compositores como Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Milton Nascimento, Roberto Carlos, Cristóvão Bastos e Aldir Blanc.
Seu primeiro compacto solo foi gravado em 1961, mas ela interrompeu a carreira para viver na Venezuela, após se casar aos 18 anos com um médico. Retornou ao Brasil grávida do terceiro filho, João Gilberto, e acompanhada das filhas Estela e Denise.
Em 1966, enfrentou vaias ao interpretar “Saveiros”, de Dori Caymmi, no Festival Internacional da Canção, mas venceu a competição e reafirmou sua força como intérprete.
Nana lançou dezenas de discos, entre eles:
Nana Caymmi (1975) – marco na consolidação de sua carreira;
Renascer (1976);
Voz e Suor (1983), com Cesar Camargo Mariano;
Bolero (1993);
A noite do meu bem – As canções de Dolores Duran (1994).
Entre seus trabalhos mais recentes, destacam-se Nana, Tom, Vinicius (2020) e Nana Caymmi canta Tito Madi (2019).
Nana também revisitava frequentemente o repertório do pai, com clássicos como “Saudade da Bahia” e “O Que É Que a Baiana Tem”.
Sua voz ficou marcada em aberturas de novelas e minisséries da TV Globo. Em 1998, interpretou “Resposta ao Tempo”, tema de abertura da minissérie Hilda Furacão. O sucesso rendeu outro convite no ano seguinte: Suave Veneno, cuja faixa-título também ganhou força nas rádios.
Em 2017, a Universal Music lançou a coletânea Nana Novelas, com 15 músicas que fizeram parte de trilhas sonoras da emissora.
Nana foi casada com Gilberto Gil entre 1967 e 1969, e teve relacionamentos com os músicos João Donato e Cláudio Nucci. Deixa três filhos e duas netas.
Embora menos popular em massa que outras cantoras da MPB, como Maria Bethânia, Elis Regina ou Gal Costa, Nana sempre foi considerada uma das intérpretes mais técnicas e emocionais da história da música brasileira.
“A partir dos anos 1970, emergiu o brilho do verdadeiro diamante embutido nas cordas vocais da intérprete”, escreveu o crítico Mauro Ferreira, em homenagem aos seus 80 anos.
Nana Caymmi parte deixando um legado de refinamento, dor artística e entrega absoluta à canção. Uma mulher que viveu a música com intensidade discreta, capaz de emocionar pelo silêncio entre as notas tanto quanto pela força de sua interpretação.
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