Campo Grande (MS), Sexta-feira, 18 de Abril de 2025

Meio Ambiente e Sustentabilidade

Governo de MS realiza ação inédita de queima prescrita para proteger o Pantanal e propriedades no entorno

Técnica do Manejo Integrado do Fogo foi aplicada no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro com foco na prevenção de incêndios florestais antes da seca

10/04/2025

14:15

DA REDAÇÃO

Atividade no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro fortalece a prevenção contra os incêndios florestais

Em uma iniciativa inédita no bioma pantaneiro, o Governo de Mato Grosso do Sul iniciou neste mês de abril a primeira queima prescrita no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, como parte das estratégias antecipadas da Operação Pantanal 2025. A ação, liderada pelo Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS), visa a redução preventiva da biomassa e do material combustível, minimizando os riscos de incêndios florestais durante o período seco.

Localizado nos municípios de Aquidauana e Corumbá, o parque estadual possui uma área de 78,3 mil hectares e é o primeiro da região pantaneira a adotar técnicas do Manejo Integrado do Fogo (MIF). A ação foi articulada com apoio do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS), Ibama/Prevfogo, universidades, ONGs e produtores rurais locais.

“A ideia é formar mosaicos onde, se o incêndio entrar, sua intensidade será menor, facilitando o controle das chamas e protegendo tanto o parque quanto as propriedades vizinhas”, explicou o major Eduardo Teixeira, subdiretor da Diretoria de Proteção Ambiental do CBMMS.

Queima prescrita: prevenção com ciência e tecnologia

A queima prescrita é uma técnica controlada e previamente planejada que visa reduzir a vegetação seca e criar barreiras naturais, evitando a propagação descontrolada do fogo. A operação no Rio Negro envolveu 42 profissionais e contou com uso de:

  • Estações meteorológicas portáteis

  • Drones para visão aérea estratégica

  • Aplicativos de navegação em campo

  • Veículos adaptados como caminhões auto bomba com capacidade de 7 mil litros

O sargento Elcio Matheus Barbosa, responsável pela logística, destacou a eficácia dos equipamentos. “O caminhão lança um jato em forma de leque com raio de 5 metros, permitindo combate eficiente em deslocamento”, disse.

Envolvimento coletivo e conhecimento científico

A ação foi precedida por um treinamento com produtores rurais, peões e gerentes de fazendas da região, coordenado pelo Instituto Terra Brasilis, com apoio do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A operação também contou com suporte da UFMS, através do Nefau (Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas). O professor e biólogo Geraldo Damasceno Júnior destacou que a prevenção é a única maneira de evitar tragédias ambientais.

“O uso técnico do fogo permite reduzir drasticamente os impactos dos incêndios de grande escala e preservar tanto a biodiversidade quanto a produção rural”, afirmou.

Integração com o produtor e conservação ambiental

A participação dos proprietários rurais próximos ao parque foi considerada essencial para o sucesso da estratégia.

“É uma oportunidade de mostrar que o fogo, quando bem manejado, pode até trazer benefícios à produção pecuária”, ressaltou o analista ambiental Alexandre de Matos e Martins Pereira, do Prevfogo.

O diretor-presidente do Imasul, André Borges, também enfatizou a importância do trabalho interinstitucional:

“A queima prescrita é uma estratégia fundamental para o controle preventivo. A integração de forças públicas, ciência e conhecimento tradicional dos pantaneiros é a chave para preservar esse bioma único”, afirmou.

Operação Pantanal 2025 e ações contínuas

A queima no Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro integra o cronograma da Operação Pantanal 2025, que já conta com ações de capacitação e treinamentos desde o início do ano. A estratégia visa preparar equipes e comunidades para o enfrentamento da temporada de incêndios, que tem se intensificado com as mudanças climáticas.

O trabalho conjunto envolveu a Semadesc, PMA, Cepdec, Wetlands International Brasil, Mupan, Fibracon e o Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (Pedl).


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