Política / Senado Federal
Senado vota Lei da Reciprocidade Econômica em reação a tarifas de Trump sobre aço e alumínio brasileiros
Proposta amplia poder da Camex para adotar contramedidas econômicas e busca proteger a soberania nacional em acordos internacionais
01/04/2025
07:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O Senado Federal vota nesta terça-feira (1º) o projeto que cria a Lei da Reciprocidade Econômica, uma resposta direta às recentes medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que elevou para 25% as tarifas sobre as importações de aço e alumínio do Brasil. A proposta tramita em regime terminativo na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e, se aprovada, seguirá direto para a Câmara dos Deputados.
A proposta busca dar ao Brasil instrumentos legais para reagir a ações unilaterais de países estrangeiros que prejudiquem economicamente o país, violando acordos internacionais ou impondo restrições comerciais com base em parâmetros ambientais desiguais.
"A proposta responde ao risco de medidas protecionistas disfarçadas de sustentabilidade, que afetam diretamente o comércio internacional e o Brasil", afirmou a senadora Tereza Cristina (PP-MS), autora do projeto-substitutivo.
Camex como autoridade central:
O Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex) será responsável por adotar medidas de retaliação econômica, como:
Aplicação de taxas adicionais a bens e serviços de países retaliados
Suspensão de concessões de patentes ou royalties
Suspensão de obrigações assumidas em acordos internacionais
Critérios para ação da Camex:
A Camex poderá agir em casos de:
Medidas unilaterais que interfiram na soberania econômica do Brasil
Violação de acordos comerciais assinados
Práticas que anulem ou prejudiquem benefícios comerciais ao Brasil
Restrições baseadas em parâmetros ambientais mais rígidos que os da legislação brasileira
Cláusula de paridade ambiental:
O projeto proíbe o Brasil de assinar acordos internacionais que imponham regras ambientais mais exigentes aos produtos brasileiros, a menos que os países parceiros adotem medidas equivalentes.
➡️ Exemplo: se a exportação de carne bovina for condicionada à certificação ambiental no Brasil, o mesmo deverá valer para os produtores dos países parceiros.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) deverá ser ouvido nas decisões sobre sanções econômicas definitivas, e todas as medidas adotadas poderão ser revisadas periodicamente com base em análises e negociações diplomáticas.
A proposta original era do senador Zequinha Marinho (PL-PA), focada exclusivamente na reciprocidade ambiental.
Após a medida protecionista de Trump contra aço e alumínio brasileiros, a senadora Tereza Cristina apresentou um substitutivo mais amplo, incorporando novos mecanismos legais de reação econômica.
A proposta também surge diante da paralisação do órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio (OMC), que limita a efetividade do sistema multilateral de solução de controvérsias.
🗣️ “Existe um vácuo legislativo no nosso ordenamento jurídico. A OMC está paralisada e o Brasil precisa de mecanismos próprios”, declarou a senadora.
Se aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos e não houver recursos ao plenário, a proposta seguirá diretamente para a Câmara dos Deputados.
Caso haja contestação, o projeto será votado também em plenário no Senado antes de seguir para a próxima etapa.
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