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Saúde Mental em Crise: Crescente afastamento de trabalhadores por transtornos psicológicos impacta empresas e previdência
Novo recorde de afastamentos em 2024 acende alerta para empresas; NR-1 exige medidas concretas para evitar riscos jurídicos
14/03/2025
10:00
EDGAR BULL*
©DIVULGAÇÃO
O Brasil enfrenta uma crise de saúde mental sem precedentes no ambiente de trabalho, com impactos significativos para empresas, trabalhadores e Previdência Social. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, em 2024, foram registrados 472.328 afastamentos por transtornos psicológicos, um aumento alarmante de 68% em relação ao ano anterior. Esse é o maior número da última década, evidenciando um cenário preocupante para a produtividade e segurança dos trabalhadores.
A alta nos afastamentos gera custos bilionários para a Previdência Social e amplia o risco de ações trabalhistas contra empresas, que podem ser responsabilizadas por não garantirem um ambiente de trabalho psicologicamente seguro. Com a nova regulamentação da NR-1, a fiscalização será intensificada, e empregadores que não implementarem políticas preventivas podem enfrentar penalidades severas.
O agravamento da crise de saúde mental no trabalho é resultado de diversos fatores, incluindo:
🔹 Carga de trabalho excessiva – Metas inalcançáveis e cobranças constantes aumentam os níveis de estresse.
🔹 Ambientes tóxicos e assédio moral – Pressões organizacionais impactam diretamente a saúde psicológica.
🔹 Falta de suporte emocional – Trabalhadores não encontram apoio dentro das empresas.
🔹 Efeito pós-pandemia – Muitas empresas não ajustaram suas dinâmicas após o isolamento social, sobrecarregando equipes.
🔹 Hiperconectividade – O avanço da digitalização dificulta a separação entre vida pessoal e profissional, gerando esgotamento.
📢 Edgar Bull, perito judicial e especialista em segurança ocupacional:
"A saúde mental já se tornou uma das maiores causas de afastamento no Brasil, superando diversas doenças físicas. Empresas que não se adaptarem às exigências da NR-1 enfrentarão não apenas perdas financeiras, mas também riscos jurídicos consideráveis."
A explosão dos afastamentos por transtornos psicológicos sobrecarrega a Previdência e impõe desafios financeiros para empresas.
⚖️ Para o INSS
✔ Os transtornos mentais já figuram entre as principais causas de concessão do auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
✔ O aumento dos afastamentos eleva os custos da Previdência, impactando o orçamento público.
🏢 Para as empresas
✔ Prejuízos financeiros – Custos com substituição de mão de obra e queda na produtividade.
✔ Risco de ações trabalhistas – Funcionários podem alegar que a empresa contribuiu para o adoecimento mental.
✔ Multas e sanções – Descumprir normas de segurança e saúde ocupacional pode gerar penalidades severas.
📢 Edgar Bull:
"Se uma empresa não tomar providências para evitar que seus funcionários adoeçam mentalmente, ela pode ser responsabilizada judicialmente. Assim como uma fábrica deve fornecer EPIs para evitar acidentes, agora os empregadores precisam garantir um ambiente psicologicamente seguro."
Diante do aumento de afastamentos e disputas trabalhistas, a perícia técnica se tornou essencial para determinar se um transtorno psicológico tem relação direta com o ambiente de trabalho.
🔍 A análise pericial inclui:
✔ Investigação do ambiente organizacional e condições de trabalho.
✔ Exame do histórico do trabalhador e seus vínculos na empresa.
✔ Verificação de fatores de risco psicossocial, como assédio e sobrecarga.
✔ Avaliação do cumprimento da NR-1 e outras normas de segurança ocupacional.
📢 Edgar Bull:
"A perícia pode ser decisiva para que a Justiça reconheça o nexo entre o transtorno psicológico e o trabalho. Se for comprovada a negligência da empresa, ela pode ser condenada a pagar indenizações e até reintegrar o funcionário afastado."
Para minimizar riscos e promover um ambiente de trabalho saudável, as empresas devem adotar medidas concretas:
✅ Mapeamento de riscos psicossociais – Integrar ao Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).
✅ Treinamentos para lideranças – Foco na gestão humanizada e combate ao assédio moral.
✅ Canais internos de suporte psicológico – Implementação de programas de bem-estar e acompanhamento contínuo.
✅ Equilíbrio entre vida pessoal e profissional – Evitar sobrecarga e incentivar pausas.
✅ Monitoramento contínuo da saúde mental – Criar políticas preventivas e acompanhamento especializado.
📢 Edgar Bull:
"Investir na saúde mental dos funcionários reduz afastamentos, melhora o clima organizacional e previne ações judiciais. Cuidar do bem-estar psicológico não é apenas uma obrigação legal, mas um investimento estratégico para a sustentabilidade das empresas."
A crise da saúde mental no trabalho exige uma mudança estrutural na forma como empresas lidam com seus colaboradores. Com aumento da fiscalização e endurecimento da legislação, a responsabilidade dos empregadores será cada vez maior.
📢 Edgar Bull:
"O futuro das relações de trabalho dependerá de como as empresas enfrentam essa nova realidade. Saúde mental deixou de ser um tema secundário e se tornou um fator essencial para a sustentabilidade organizacional."
Com o crescimento dos afastamentos e o impacto bilionário para o setor previdenciário, a adoção de práticas preventivas e políticas de bem-estar no trabalho não é apenas uma exigência legal, mas uma necessidade urgente para a competitividade e responsabilidade social das empresas.
*Edgar Bull – Engenheiro e Perito Judicial Especialista em Segurança do Trabalho
Edgar Bull é Engenheiro Civil formado pela USP, pós-graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho e Higiene Ocupacional e bacharel em Direito. Com uma trajetória sólida e ampla experiência em perícias judiciais, ele atua como perito nos Tribunais Regionais do Trabalho da 2ª e 15ª regiões, além de ser membro ativo da Comissão de Perícias da OAB e professor de pós-graduação do SENAC. Responsável técnico pela EST da METRA (Medicina e Assessoria em Segurança do Trabalho), Edgar é referência em segurança do trabalho e avaliação de riscos, com um olhar especializado para a proteção dos trabalhadores e a conformidade legal das empresas.
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