Campo Grande (MS), Quinta-feira, 20 de Fevereiro de 2025

CASO VANESSA

Delegadas que atenderam Vanessa Ricarte pedem para deixar a DEAM após divulgação de áudios

Titular da delegacia coloca cargo à disposição enquanto investigações avançam

18/02/2025

11:10

DA REDAÇÃO

As delegadas Lucélia Constantino e Riccelly Donha

A repercussão da morte da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-noivo após buscar ajuda na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), provocou mudanças na unidade policial. As delegadas envolvidas no atendimento da vítima pediram afastamento da delegacia especializada, enquanto a titular Elaine Benicasa colocou seu cargo à disposição até que as investigações sejam concluídas.

A informação foi confirmada nesta terça-feira (18), durante reunião na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, que contou com a presença do deputado Coronel David, do secretário de Segurança Pública, Carlos Videira, e da ministra da Mulher, Cida Gonçalves.

Reação após divulgação de áudios da vítima

A delegada Riccelly Maria Albuquerque Donhas, responsável pelo registro do boletim de ocorrência de Vanessa na madrugada do crime, pediu para sair da unidade após a divulgação dos áudios em que a jornalista relatava o atendimento recebido.

A outra delegada envolvida no caso, Lucélia Constantino, que estaria em estágio probatório, também foi apontada como responsável por sugerir que Vanessa entrasse em contato diretamente com o agressor para que ele deixasse sua residência.

📢 "A delegada teria dito para Vanessa ligar para Caio e pedir que ele saísse de casa", aponta um dos relatos da vítima.

Delegacia se contradiz sobre escolta policial

Ao longo da investigação, a Polícia Civil manteve a versão de que Vanessa rejeitou escolta policial após conseguir a medida protetiva na tarde do crime. Entretanto, não há documentos oficiais que comprovem a solicitação da vítima na segunda visita à delegacia.

A delegada titular da DEAM, Elaine Benicasa, afirmou publicamente que teria oferecido escolta, mas os áudios de Vanessa indicam um atendimento frio e desinteressado. Com a repercussão do caso, Benicasa colocou seu cargo à disposição após reunião com o Delegado-Geral da Polícia Civil (DGPC), Lupércio Degerone.

Falta de preparo na DEAM levanta questionamentos

A polêmica em torno do caso Vanessa Ricarte levantou dúvidas sobre o preparo das delegadas designadas para a DEAM, especialmente as que ainda estavam em estágio probatório. O Conselho de Ética da Adepol-MS (Associação dos Delegados de Polícia de MS) ainda não se manifestou oficialmente sobre as possíveis falhas no atendimento.

🔍 Principais questionamentos:

  • Quem mandou Vanessa "conversar" com o ex-noivo, horas antes do crime?
  • Por que delegadas inexperientes foram designadas para uma delegacia especializada, que exige experiência no atendimento a mulheres vítimas de violência?
  • Por que não há registros oficiais da suposta segunda visita da vítima à delegacia?

Denúncias recorrentes sobre atendimento na DEAM

As críticas sobre humilhação, descaso e deboche no atendimento da DEAM de Campo Grande não são isoladas. Há relatos desde 2020 sobre falhas graves na abordagem a mulheres vítimas de violência doméstica.

📢 "O atendimento foi bem frio e seco", disse Vanessa Ricarte em áudio enviado a amigos, detalhando o que enfrentou antes de sua morte.

A jornalista completaria 43 anos neste domingo (16) e deixou um legado de carreira brilhante e independência. Sua voz, registrada em gravações, agora serve como denúncia da precariedade no atendimento a mulheres vítimas de violência em MS.


Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.

Últimas Notícias

Veja Mais

Envie Sua Notícia

Envie pelo site

Envie pelo Whatsapp

Jornal do Estado MS © 2021 Todos os direitos reservados.

PROIBIDA A REPRODUÇÃO, transmissão e redistribuição sem autorização expressa.

Site desenvolvido por: