O clima político entre a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), e os vereadores que a apoiaram na reeleição está longe de ser favorável. Após um mês de mandato, as reuniões promovidas pela gestora para discutir parcerias na nova gestão acabaram gerando ainda mais descontentamento.

Segundo apurações, os vereadores não gostaram do tom das conversas, o que fez com que o grupo cogitasse uma resposta conjunta à prefeita. O reflexo da insatisfação já pode ser visto nas redes sociais, com um vereador apagando todas as fotos ao lado de Adriane. Questionado sobre a atitude, ele alegou não ter percebido a mudança.

Sinais de fragilidade na base aliada

A falta de coesão política já vinha sendo percebida desde a eleição da presidência da Câmara Municipal, onde a prefeita não conseguiu formar um bloco forte o suficiente para concorrer com a chapa de Papy (PSDB) e Carlão (PSB). Durante a reunião para a escolha do candidato Beto Avelar (PP), vereadores do Avante, Leinha e Wilson Lands, deixaram claro que já tinham compromisso com Papy, levando Beto a desistir da candidatura.

Na primeira sessão do ano, falas de alguns vereadores já demonstravam um certo afastamento da prefeita. O vereador Leinha, por exemplo, fez questão de citar Marquinhos Trad (PDT), que hoje é desafeto político de Adriane, ressaltando que recebeu oportunidade na política graças a ele. O comentário foi interpretado como uma afronta direta à prefeita.

Risco à governabilidade e obstáculos na Câmara

A dificuldade de articulação política pode comprometer a governabilidade de Adriane Lopes, especialmente na composição de comissões estratégicas da Casa, como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável por avaliar todos os projetos antes de irem à votação. Atualmente, a prefeita não conta com uma base sólida na Câmara, tornando difícil aprovar propostas de interesse do Executivo.

No segundo turno das eleições, Adriane recebeu apoio de 16 vereadores eleitos, enquanto 13 optaram por Rose Modesto (União Brasil). Hoje, entretanto, mesmo parte dos que estiveram ao seu lado na disputa estão insatisfeitos com a postura da prefeita e repensam o nível de apoio.

Vereadores que apoiaram Adriane no segundo turno:

• Rafael Tavares (PL)
• Carlão (PSB)
• Professor Riverton (PP)
• Leinha (Avante)
• André Salineiro (PL)
• Ana Portela (PL)
• Neto Santos (Republicanos)
• Maicon Nogueira (PP)
• Delei Pinheiro (PP)
• Wilson Lands (Avante)
• Herculano Borges (Republicanos)
• Beto Avelar (PP)
• Ronilço Guerreiro (Podemos)
• Papy (PSDB)
• Otávio Trad (PSD)
• Clodoilson Pires (Podemos)

Vereadores que apoiaram Rose Modesto no segundo turno:

• Marquinhos Trad (PDT)
• Veterinário Francisco (União)
• Fábio Rocha (União)
• Junior Coringa (MDB)
• Victor Rocha (PSDB)
• Flávio Cabo Almi (PSDB)
• Luiza Ribeiro (PT)
• Dr. Lívio (União)
• Landmark (PT)
• Professor Juari (PSDB)
• Silvio Pitu (PSDB)
• Jean Ferreira (PT)
• Dr. Jamal (MDB)

Com esse cenário de fragmentação política, a tendência é que Adriane Lopes precise reforçar alianças e reavaliar a relação com os vereadores, caso queira garantir um mandato sem grandes entraves na Câmara Municipal.